Num inquérito feito no ano passado, os portugueses colocaram os médicos em segundo lugar na confiança que têm nos vários profissionais. Em primeiro lugar ficaram os bombeiros, e em terceiro os professores. Em último ficaram os políticos. Quer dizer, os profissionais em que a população portuguesa mais confia são os bombeiros, os médicos e os professores. E aqueles em que menos confia são os políticos.
E é interessante saber que no Brasil a maior confiança é também atribuída aos mesmos profissionais, embora a ordem seja outra: primeiro os médicos, depois os professores e em terceiro os bombeiros.
Por isso não deixa de ser curioso que todos os médicos tenham de ter conhecimento, e estar avisados, desta graça: “se correr tudo bem com o doente, foi graças a Deus; se correr mal, foi culpa do médico…”.
O que, curiosamente também, não deixa de acontecer do mesmo modo com os bombeiros… e com os professores…
Mas os médicos, cientes disso, conseguem viver com isso. Conseguem trabalhar, esforçar-se para que tudo corra bem, procurar que haja as melhores condições para que os seus doentes sejam tratados da melhor maneira possível. Fazem-no como profissionais que são, não para serem votados no topo da lista das pessoas em quem o povo mais confia. Mas a verdade é que há muita gente que reage para com os médicos de modo diferente do daquela graça, e isso é com certeza bom, recompensador e estimulante. E por isso lá vão para o cimo da tal lista…
Houve um mau resultado num lar de idosos com más condições sanitárias durante uma pandemia, contra a qual o país lutava, e luta. De quem é a culpa? Dos médicos, pois de quem mais?!…
Nada de novo. Mas não deixa de ser curioso.
(*) Médico e professor universitário