Apeteceu-me escrever sobre um tema (sim, na idade em que estou já não faço fretes, faço o que me apetece, obviamente, sem nunca esquecer os limites da Liberdade e da Responsabilidade), esse tema é: a VERDADE!
Todos recordamos a célebre afirmação “O que é Verdade para uns, pode não o ser para outros” , e para isso, é bastante recordarmos a Alegoria da Caverna, de Platão, e a frase “Os Sentidos enganam”.
Mas, o que mais me incomoda, sinceramente, neste capítulo sobre a Verdade, são aqueles e aquelas, que se julga(m) donos da Verdade Absoluta, Dogmáticos, tentando aniquilar os outros, pondo-os de lado, porque sabem tudo (“sabichões” e “sabichonas”). A esses(a) lembrar o Filósofo Sócrates, com a sua célebre afirmação (muitas vezes repetida ao longo da sua vida), “ipse se nihil scire id unum sciat”, ou seja, “só sei que nada sei ou sei uma coisa: que eu nada sei”, que consta da narrativa de Platão, seu discípulo, já que o próprio, por entender, “é pela palavra que o Homem se entende”, não escreveu uma única palavra. Na verdade, um exemplo a seguir pelos “sabichões” e “sabichonas” contemporâneos, que quase todos os dias escrevem nos Jornais e nas redes sociais, sobre tudo e sobre todos, sobre a SAÚDE em Coimbra, sobre a DESONESTIDADE dos outros, ás vezes, tantas vezes, a roçar o ataque pessoal, através de questões políticas, uns apanhando “boleia” porque lhes dá jeito, e outros, dando “boleia”, sem dó nem piedade, dando por isso, também, tiros nos próprios pés.
Então, aí vai, POR HOJE, quanto à VERDADE!
CAPÍTULO I
O objectivo do método racional é estabelecer a verdade, isto é, a maior concordância possível entre aquilo em que acreditamos e o que efectivamente acontece na realidade de que fazemos parte. “Verdade” e “Razão” partilham a mesma vocação universalista, o mesmo propósito de validade, tanto para mim próprio como para o resto dos meus semelhantes, os humanos.
António Machado, exprimiu-o concisamente, muito bem, neste verso:
“A tua verdade, não: a Verdade.
Vem comigo buscá-la.
A tua, guarda-a para ti.
Procurar a verdade por meio do exame racional dos nossos conhecimentos, consiste em tentar aproximarmo-nos mais do real: ser racionalmente verdadeiros, deveria equivaler a conseguir ser o mais realistas possível. Mas, nem todas as verdades são do mesmo género, porque a realidade abrange dimensões muito diferentes. Se, por exemplo, digo a uma querida “sou o teu pombinho” e a um amigo no bar “sou jurista”, posso estar a afirmar a verdade em ambos os casos, embora, haja poucos pombos, que tenham chegado a juristas.
“Não existe mal maior, do que ficar preso por esse ódio aos raciocínios”, (Fédon, 89c-91b).
Detestar a razão é detestar a humanidade, tanto a própria como a dos outros, e defrontar-se com ela sem remédio como inimigo suicida…
Ao vermos o Jornal das 8 (20 h) da TVI sobre VISEU, na passada quinta-feira (27/8), ficamos a perceber melhor, o que separa as gentes de um lado e de outro, UNS FALAM MENOS – UNEM-SE, encontram pontos de equilíbrio e avançam, OUTROS, falam demais, falando mal de si próprios, dos seus, e da sua terra, em público, fragilizando.
Quando, oportunamente, falarmos da Saúde em COIMBRA em tempo de Pandemia CoVid-19, e dos seus resultados, que irá mostrar, claramente, o melhor de nós, das instituições, das equipas de profissionais, do verdadeiro TRABALHO DE EQUIPA, então, vamos constatar um facto, que já hoje é uma VERDADE: No contexto nacional, COIMBRA é um exemplo, que nos deve fazer sentir orgulhosos!
Ficamos, hoje, por aqui, ainda assim, deixo-vos, sobre a Verdade, este poema maravilhoso de Carlos Drummond de Andrade, sobre a:
VERDADE
A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
(Carlos Drummond de Andrade, in Contos Plausíveis)
Até um dia destes.
(*) Jurista, Deputado Municipal PS – Coimbra