Mais cedo ou mais tarde, teríamos de voltar. Também com isso, seria tempo de recuperarmos.
Mas a tarefa pode ser árdua e o tempo para tudo se fazer por forma a “estarmos de volta” é escasso e é importante fazer tudo de forma assertiva.
Vem isto a propósito da Visão Estratégica Para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 do Professor António Costa Silva, que resultou do convite do Governo português para a existência de um plano de recuperação económica do país após a crise provocada pela pandemia de covid-19.
A verdade é que se olha para o documento e o que se vê é que está lá tudo.
Do enquadramento de Portugal à escala global, com dez eixos estratégicos para que o Plano passe à acção, não esquecendo o investimento, seja público, seja privado e o seu cruzamento, tudo está bem referenciado. Conseguiu ainda, não se esquecer da Regulação e da Justiça, vectores fundamentais de uma economia moderna e saudável. Neste Plano, moderno, bem escrito e escorreito cabe lá tudo. Assim se consiga executar ou o deixem executar.
É por isso muito importante valorizar de forma absolutamente responsável, o envelope financeiro que nos coube, apetece dizer, quase em sorte. A verdade é que até final de 2029, Portugal terá um montante total de transferências de 57,9 mil milhões de euros, desde a conclusão do Portugal 2020, passando pelo Programa de Recuperação e Resiliência e ainda o Portugal 2030. Isto sem contar com as linhas de crédito, nem com o acesso aos programas de gestão centralizada, como nos domínios da ciência ou dos corredores internacionais.
Em resumo, a oportunidade é única!
Também é certo, que poderemos ter finalmente um país altamente tecnológico, amigo do ambiente e das empresas, em que nada se perde e tudo se transforma. Foi deste modo que António Costa Silva deu a receita para a recuperação económica no pós-pandemia. E é também deste modo que é preciso agora decidir o que fazer com esta receita num país tão pequeno, por vezes tão desigual e habituado à metropolização de Lisboa.
Conforme refere o documento de António Costa Silva e bem, “A história mostra que a aposta nos recursos endógenos e na economia produtiva é crucial para o sucesso dos países e Portugal tem recursos que são essenciais para a transição energética e para a evolução futura das sociedades.”
Salvo melhor opinião, parece-me que as Regiões em Portugal respondem muito bem a este repto, se considerarmos a diversidade e potencial de cada uma.
Por tudo isto, ainda é possível uma recuperação em V, que no fundo traduz uma queda abrupta (como aconteceu), seguida de uma subida relativamente sustentada (assim possa ser). Se pudermos planear e aproveitarmos a situação em termos económicos a oportunidade existe. Sobre o ponto de vista da pandemia, seria bom que os confinamentos permanecessem localizados e fossem temporários, assim como cada um de nós fizesse a sua parte no sentido da prevenção. De igual modo, se o sistema de saúde continuar a aumentar o número de testes e especialmente, se forem desenvolvidos tratamentos mais eficazes ou uma vacina, as perspectivas económicas não têm de ser tão sombrias como muitos acreditam.
Precisamos efectivamente de investimento produtivo. A oportunidade que chega através da Europa tem que ser aproveitadas “finalmente” para nos prepararmos de forma estrutural.
Os Portugueses, decerto, acompanharam aquilo que for o melhor para o nosso futuro colectivo.
Parece por isso haver um caminho e uma oportunidade, não há mais do que isso.
Para isso, temos de voltar. Para isso, temos de recuperar!
(*) Gestor/Administrador no Coimbra iParque