Margarida Ivo da Silva, José Guilherme Tralhão, Nuno Devesa e Dulce Diogo
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) é o que a nível nacional lidera no número de colheita de órgão para transplantes, segundo foi anunciado, hoje, na apresentação de um novo equipamento.
A coordenadora nacional da Transplantação, Margarida Ivo da Silva, falava na sessão que deu a conhecer o primeiro equipamento para perfusão hipotérmica oxigenada de fígado e rim a estar disponível no nosso país.
O VitaSmart, distribuído mundialmente por Bridge to Life, é a primeira bomba multi-órgão para perfusão de máquina oxigenada hipotérmica, o que em linguagem simples significa um dispositivos para preservar rins e fígado de dador antes da transplantação.
Margarida Ivo da Silva disse que o número de transplantes no primeiro semestre deste ano, em Portugal, teve uma redução de 28 por cento, devido à pandemia de covid-19, enquanto a coordenadora da Unidade de Transplantação Hepática do CHUC, Dulce Diogo, sublinhou que nos últimos 20 anos a média de idades dos doadores de órgãos subiu de 32 anos para os 60 anos.
Na sessão em que participaram também o director clínico do CHUC, Nuno Devesa, e o director do Serviço de Cirurgia Geral, José Guilherme Tralhão, foi explicado que esta técnica permite melhorar a qualidade dos enxertos, a função hepática pós-transplante, a sobrevivência de enxertos e receptores, a segurança em transplantação e, ainda, maximizar o aproveitamento de órgãos.
Após a colheita do órgão, existe um período de isquémia (em que o órgão está privado de oxigénio), facto que pode contribuir para o dano de funções intracelulares e que pode ter consequências na função do órgão após o transplante.
A perfusão hipotérmica contínua oxigenada do enxerto, após a colheita, durante um período de 120 minutos, permite melhorar a função dos órgãos, reduzindo complicações no pós-transplante imediato, nomeadamente a ‘primary non function’ que pode obrigar a retransplante nos primeiros sete dias. Permite, ainda, reduzir significativamente a taxa de complicações biliares que são, hoje em dia, uma das principais complicações tardias pós transplante hepático e que conduzem a um aumento da morbimortalidade dos receptores.
O seu tratamento é difícil e com recurso a procedimentos invasivos, incluindo retransplante. Esta técnica pode ser aplicada a todos os fígados e os que mais beneficiam desta terapêutica são os enxertos de critérios expandidos, como são exemplo os que são provenientes de dadores mais idosos ou de dadores de coração parado.
O CHUC será o primeiro centro transplantador de fígado, em Portugal, a utilizar esta tecnologia. Em resumo: esta técnica permite melhorar a qualidade dos enxertos, a função hepática pós-transplante, a sobrevivência de enxertos e recetores, a segurança em transplantação e, ainda, maximizar o aproveitamento de órgãos.
O novo equipamento, em regime de comodato, custa cerca de 2 500 euros por cada utilização, no caso do fígado.