Se a vacina se afigura como a solução para por fim à pandemia de Covid-19, em relação às alterações climáticas e todas as suas implicações na vida na Terra a resposta é bem mais complexa e comporta em si uma grande dose de responsabilidade individual e coletiva.
O aumento de temperatura dos oceanos e consequente degelo dos calotes polares que leva à subida do nível do mar, a deterioração da qualidade do ar devido ao aumento de emissões de gases de estufa e a perda de recursos naturais devido à sobre exploração dos mesmos são apenas algumas das consequências que o desrespeito reiterado da espécie humana pelo meio ambiente tem causado. A esta pressão humana sobre a natureza damos o nome de pegada ecológico.
Apesar da vontade expressa por vários governos e Nações Unidas em reduzir a emissão de gases de efeito de estufa, aumentar a eficiência energética e fomentar a adoção de um estilo de vida amigo do meio ambiente, a verdade é que todos os dados disponíveis apontam para que o objetivo de um mundo mais sustentável está longe de ser atingido com todas as consequências nefastas que isso acarreta para a Humanidade a não ser que façamos das palavras uma ação concertada no imediato.
Reduzir, reciclar e reutilizar. Esta santíssima Trindade está, por isso, mais do que nunca na ordem do dia. Com os consumidores chamados a repensarem o impacto das suas atividades diárias no ecossistema que os rodeia, em que a forma e o que se consome tem cada vez mais peso no ato de adquirir, as empresas seguem-lhe o rasto e começam a tornar-se cada vez mais verdes.
Não só pela mudança do perfil de consumidor como por uma consciência de responsabilidade empresarial que floresce, cada vez mais negócios, de todas as dimensões, estão a acelerar o processo de transição das suas dinâmicas produtivas de modo a enquadrá-las numa filosofia mais sustentável e verde. Responsabilidade e sustentabilidade que se tornam, assim, drivers reais do crescimento empresarial.
Existem várias formas de reduzir a pegada ecológica de uma empresa a médio-longo prazo e, com isso, diminuir o consumo e os custos. Para lá da digitalização de processos e da adoção de tecnologia mais sustentável, onde se contam, por exemplo, a utilização de sistemas de refrigeração e aquecimento do espaço mais eficientes e a opção pela compra de equipamentos tecnológicos que consumam menos energia e emitam menos CO2, os negócios estão a procurar incorporar os conceitos de economia circular e comércio justo na sua relação com os seus fornecedores de modo a oferecerem ao cliente um produto final sustentável em toda a sua cadeia de produção.
Para além de contribuírem para a diminuição da poluição e do desperdício em todas as etapas do bem ou serviço que prestam, as empresas deixam de ser entendidas, pelos consumidores, como corpos estranhos e alheados da realidade, para passarem a ser olhadas como parceiros na luta por um objetivo comum: a sustentabilidade planetária.
Em Portugal, esta nova filosofia empresarial já tem consequências práticas nas ações de grandes empresas como a EDP que está a proceder a uma transição energética que visa passar a produzir, até 2030, 90% da sua energia através de fontes renováveis, do Lidl Portugal que assumiu o duplo compromisso de redução do consumo de plástico em pelo menos 20% e de incorporação de 100% de materiais recicláveis em todas as suas embalagens de marca própria até 2025 ou do Unibanco (marca da Unicre especializada em cartões de crédito, crédito pessoal e crédito consolidado) que acaba de anunciar o lançamento de novos cartões de crédito ecológicos em PVC degradável para substituir os tradicionais cartões de plástico.
No caso do Unibanco, esta não é uma medida isolada. Antes de decidir lançar estes novos cartões de crédito, que agregam um conjunto de componentes que lhes permite uma aceleração do processo de decomposição e, por sua vez, um menor impacto ambiental, o Unibanco ofereceu aos clientes a possibilidade de contratualizarem os seus cartões de crédito Unibanco e/ou crédito pessoal online através do seu website, dispensando a necessidade de recorrer ao papel.
Para Marília Araújo, diretora do Unibanco, a “missão para a diminuição gradual da nossa pegada ambiental é clara, e o lançamento dos novos cartões Unibanco ecológicos representa um avanço naquilo que é a crescente tendência de utilização de cartões produzidos a partir de matérias-primas amigas do ambiente. Para além disto, temos apostado também na digitalização dos serviços que oferecemos aos nossos clientes e que tradicionalmente requerem um consumo de papel elevado, nomeadamente a adesão a cartões e crédito pessoal (que agora pode ser feito de forma 100% digital), a adesão ao extrato digital e a aposta na app Unibanco, a partir da qual os clientes podem gerir todos os seus movimentos sem deslocações”, publicado em Melhor Que Único.
Mais do que uma opção, a sustentabilidade está a tornar-se crítica para o sucesso de todos os negócios: pela perceção que o consumidor tem dos produtos e serviços que está a adquirir; pelo equilíbrio financeiro que a adoção de medidas sustentáveis traz para as contas da empresa; e, igualmente, pelas imposições europeias e mundiais que vão, cada vez mais, prejudicar os negócios que não adotem mudanças a nível ambiental.