A associação Partículas Soltas, sediada em Penacova, vai falar da prevenção de fogos em aldeias da Região Centro, adaptando, em conjunto com as comunidades, músicas do cancioneiro tradicional aos cuidados a ter para reduzir os riscos de incêndio.
“O projecto está muito baseado na questão das memórias. Vamos apelar às memórias individuais e das comunidades onde vamos estar e vamos trabalhar essas memórias para introduzirmos as recomendações e cuidados que devemos ter nas prevenções de incêndios”, disse Emanuel Rodrigues, um dos criadores desta iniciativa, juntamente com Sandra Henriques.
O projecto vai arrancar na próxima sexta-feira (21) e estende-se até 30 de Agosto, com um dia de actividades dedicado a cada aldeia, estando previstas acções em quatro de Penacova, uma de Vila Nova de Poiares e três no concelho de Ourém, afirmou Emanuel Rodrigues.
“Em cada localidade, o grupo trabalha primeiro em torno da memória colectiva e individual, pegando depois em músicas do cancioneiro tradicional e altera-lhes as letras, em conjunto com a comunidade, introduzindo informações e recomendações em torno da prevenção de incêndios. Achamos que a cantarolar a música as ideias serão mais fáceis de assimilar”, explicou Emanuel Rodrigues.
Depois dessas duas actividades, durante a tarde o grupo apresenta uma dramatização que vai ter como fio condutor a memória de incêndios que resultam de atitudes negligentes, sendo usadas ferramentas do Teatro do Oprimido, em que o público será chamado a colocar-se no lugar da personagem e debater as situações apresentadas.
“Perguntamos ao público o que acham que aquelas personagens devem ou não fazer e mostramos os desfechos de cada decisão”, esclareceu Emanuel Rodrigues.
Segundo o responsável, toda a população, mesmo que não tenha podido participar nas sessões da tarde, vai ser convidada a estar presente à noite, onde também são apresentadas as canções modificadas.
Para além de levarem músicas do cancioneiro conhecidas, o grupo reuniu com ranchos folclóricos locais para poderem ser trabalhadas canções da própria terra, salientou Emanuel Rodrigues.
O projecto, intitulado “Eu sou a minha terra”, foi um dos vencedores do concurso “Não brinques com o fogo” na região Centro, resultado da cooperação do Ministério da Cultura com a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), que pretende, através da cultura e das artes performativas, promover a alteração de comportamentos das populações em relação aos incêndios rurais.
A iniciativa “Sob a terra”, do Leirena Teatro, de Leiria, foi o outro vencedor na região Centro.