A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) denuncia o risco que correm os doentes com enfarte agudo do miocárdio ao darem entrada no Hospital dos Covões mas terem de ser transferidos para os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
A SRCOM teve recentemente conhecimento “de duas situações, no espaço de uma semana, de doentes agudos do foro cardiovascular que, tendo dado entrada no Hospital do Covões com enfarte agudo, tiveram de ser transferidos de urgência para a Unidade de Cuidados Intensivos de Cardiologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, na sequência do encerramento da Unidade de Cuidados Intensivos Coronários do Hospital dos Covões”.
Neste sentido, e por se tratarem de doentes urgentes, os Médicos do Centro enviaram já uma carta ao Colégio de Especialidade de Cardiologia da Ordem dos Médicos, à Administração Regional de Saúde do Centro e ao Ministério da Saúde, onde o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, “expressa a sua preocupação com esta situação – alertando para o risco de transportar um doente cardiovascular em situação instável – reafirmando que as recentes decisões tomadas sobre o Hospital dos Covões são lesivas da qualidade na prestação dos cuidados de saúde aos doentes”.
“É com preocupação que assistimos a situações como estas, tendo já solicitado ao Conselho de Administração e à Direcção do Serviço de Cardiologia uma resposta clara e tecnicamente válida”, afirma Carlos Cortes. “Estamos a falar de factos concretos, de doentes reais, e é intolerável que isso não preocupe quem tem a responsabilidade de organizar e criar condições para uma resposta adequada do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e, em concreto, do Hospital dos Covões”, acrescenta o também médico.
Recorde-se que, ainda na passada sexta-feira (31), o Conselho de Administração do CHUC veio esclarecer que não tomou qualquer decisão de desclassificação da Urgência do Hospital dos Covões, contrariando a Ordem dos Médicos.
“O CHUC não pode reverter decisões que não tomou”, afirma o Centro Hospitalar, numa reacção a uma acusação da Ordem dos Médicos do Centro, do início da semana passada, de que a desqualificação da Urgência do Hospital dos Covões (que integra o Centro Hospitalar) configura “um acto de desobediência” da Administração perante o Ministério da Saúde.
Note-se, ainda, que do acidente ferroviário que aconteceu na sexta-feira (31), em Soure, nenhum dos 44 feridos, oito dos quais graves, foram encaminhados para o Hospital dos Covões. Vinte e oito dos doentes deram entrada nas urgências do CHUC, incluindo os com gravidade, e outros 12 feridos leves foram recebidos no Hospital Distrital da Figueira da Foz.