No dia em que se completam 916 anos enquanto freguesia, o Executivo da Junta de S. Martinho do Bispo decidiu realizar uma cerimónia para assinalar a efeméride, distinguindo o padre Francisco Serra e lembrando a importância do Hospital dos Covões para esta localidade e não só.
A cerimónia, que decorreu no recentemente reabilitado largo do Chafariz, mesmo defronte para uma das obras de Francisco Serra – o Lar de S. Martinho, juntou não só o homenageado, com 91 anos, como crianças e funcionários da instituição, para além de outras personalidades da freguesia.
Jorge Veloso, presidente da União de Freguesias de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, justificou a homenagem dizendo que a distinção se deve “ao seu passado e também presente, tendo prestado um serviço ímpar e de âmbito social”. “Uma pessoa que marcou e continua a marcar a freguesia, foi um homem à frente do seu tempo, com uma dedicação sem igual à sua causa, de uma liderança servidora”, adiantou o autarca.
O presidente da UF relembrou, ainda, a vida difícil de Francisco Serra para conseguir erguer a obra que deixa como legado, tendo chegado a viajar pelos Estados Unidos para angariar fundos que lhe permitissem realizar o que sonhava. Conseguiu criar quatro casas de acolhimento, em Leiria, Figueira da Foz, Alcarraques e em S. Martinho do Bispo, tendo ajudado centenas de crianças e jovens desfavorecidos.
Também o presidente da Direcção do Lar de S. Martinho salientou a “muito merecida homenagem a um homem que veio fazer obra nesta freguesia em prol das crianças desfavorecidas; um testemunho de caridade”. A olhar para o padre Serra, de quem é amigo há várias décadas, o responsável destacou que “a riqueza do padre Serra está toda aqui”, comparando-o a outros nomes que viveram em prol das crianças e jovens mais desfavorecidos: Bissaya Barreto e Elísio de Moura. “Qualquer um deles deixou obra e nome”, rematou.
Também presente na sessão, em representação do presidente da Câmara, esteve o vereador Jorge Alves que felicitou a freguesia e também o Executivo pela homenagem a um “homem que trabalhou pela terra”, num espaço “muito bonito e requalificado há pouco tempo”.
“O padre Serra soube, em tempo devido, avançar com uma obra que dava resposta a crianças e jovens que precisavam de apoio”, afirmou o autarca, realçando que “as homenagens devem fazer-se enquanto as pessoas são vivas”.
Depois de receber uma lembrança da “sua” freguesia pelas mãos do presidente Jorge Veloso e de um dos mais jovens que actualmente vivem no Lar de S. Martinho, o padre Francisco Serra agradeceu a todos os presentes e a todos os amigos.
Covões: um combate duro
Durante o seu discurso de homenagem ao padre Serra, Jorge Veloso abordou a temática do Hospital dos Covões, lamentando o estado a que o mesmo chegou e apontando o dedo ao novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) por “seguir as indicações do anterior”.
“A urgência dos Covões está em ruptura completa, tem falta de pessoal e excesso de doentes; não há um dia em que não se faça um transporte para a UCIC dos HUC [Hospitais da Universidade de Coimbra] e a dos Covões está fechada há mais de um mês”, disse Jorge Veloso, sublinhando a necessidade de ser “urgente passar a urgência para 24 horas e polivalente, com todas as especialidades”.
E acrescentou: “não nos podemos silenciar, o combate será árduo mas não podemos deixar cair esta reivindicação. Os Covões não podem ser desprezados e desprovidos de todas as competências que tinha”, notando que irá amanhã (28) fazer uma visita ao Hospital Geral, acompanhado por alguns médicos e elementos do Executivo da Junta, e exortando a população a não esquecer esta causa, tão cara para a freguesia, para os cidadãos e não só.