Uma vez mais, o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC) vai liderar um projecto financiado pelo programa europeu para os Direitos, Igualdade e Cidadania, que será liderado por Tatiana Moura, e que pretende combater estereótipos de género na educação e na primeira infância.
“KINDER – Combater estereótipos de género na educação e na primeira infância: construir uma Pedagogia Inclusiva na Educação Infantil” é o nome do projecto liderado por Tatiana Moura e desenvolvido por uma equipa mais vasta de investigadores, que procurarão “combater estereótipos de género na socialização e educação de crianças entre os três e os 12 anos”.
O projecto deve ter início em Janeiro de 2021 e decorrerá ao longo de dois anos, partindo da premissa que “as ideias estereotipadas sobre papéis de género estão na base das profundas desigualdades entre homens e mulheres”.
“Apesar de todos os esforços individuais e conjuntos dos Estados-Membros da União Europeia (UE) na promoção, adopção e aplicação efectiva de legislação sobre igualdade de género, os estereótipos de género – particularmente os relacionados com a divisão de responsabilidades de cuidados – persistem e influenciam a vida e as escolhas futuras de rapazes e raparigas por toda a Europa”, nota o CES, adiantando que “nas últimas décadas, o esforço europeu para promover uma mudança comportamental de atitudes, normas e expectativas de género diferenciadas entre rapazes e raparigas é evidente”.
Segundo explica o CES, “os vários sistemas educativos dos Estados-Membro têm abraçado a causa do combate aos estereótipos de género, e da promoção de uma maior socialização equitativa de raparigas e rapazes como estratégia central para alcançar sociedades mais saudáveis e mais equilibradas. Este esforço, que passa por uma contínua formação de profissionais do sector da educação e de acções de promoção da equidade de género junto dos mais jovens tem estado, no entanto, focado nas instituições de ensino médio e secundário a nível europeu”.
Assim, com este projecto ‘KINDER’ pretende-se “alargar a acção aos jardins-de-infância, pré-escolas e escolas primárias, até porque investigações sociológicas e da psicologia da infância demonstram que a transmissão e reprodução de estereótipos de género (muitas vezes de forma não consciente) têm início numa idade precoce, e estão profundamente enraizadas em instituições como a família e os sistemas escolares”. “Os papéis, normas e expectativas de género são transmitidos às crianças através da interacção, expectativas, roupas, brinquedos, histórias, livros, etc. Desde cedo, rapazes e raparigas são colocados em ‘caixas’ e esperam-se atitudes e comportamentos diferenciados”, revela.
Nesse sentido, a equipa coordenada por Tatiana Moura foi já responsável pela implementação dos projetos “PARENT”, que pretendia enfrentar os desafios da prevenção e erradicação da violência contra mulheres e crianças, tendo na sua base a promoção de masculinidades cuidadoras e não violentas, e “EQUI-X”, que procurou trazer para a UE novas abordagens para prevenir a violência baseada no género entre meninas/mulheres e meninos/homens, promovendo simultaneamente estratégias inovadoras que as/os capacitasse, abordando a construção de género e promovendo modelos não violentos de masculinidade.
Com um orçamento total de 643 000 euros, caberá ao CES, enquanto entidade coordenadora do “KINDER”, gerir um montante de aproximadamente 410 000 euros. Desde 2018, trata-se do terceiro financiamento a ser conferido a uma equipa do CES com esta liderança, tendo como parceiros de implementação a Fundação CEPAIM (Espanha) e a organização não governamental STATUS M (Croácia). Em Portugal, conta ainda com o apoio da CIG – Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.