O PCP anunciou, hoje, que apresentará um projecto de reversão de fusão dos Covões no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), na abertura da próxima sessão legislativa na Assembleia da República.
A Direcção da Organização Regional de Coimbra (DORC) do PCP defende “a recuperação e valorização dos serviços e valências” do Hospital dos Covões, a construção de um Serviço de Obstetrícia junto a esta unidade hospitalar, assim como “mais autonomia, mais investimento e valorização dos seus profissionais”.
Esperando que “um amplo consenso público em torno da defesa do Hospital dos Covões tenha tradução na votação na Assembleia da República”, o PCP anuncia que desenvolverá uma campanha pública que procurará mobilizar a população na defesa do Hospital dos Covões.
Aquele órgão dirigente dos comunistas, recorda que o PCP apresentou na Assembleia da República, em 2016 e em 2018, um Projecto de Resolução para a reversão do processo de fusão dos Hospitais de Coimbra integrados no CHUC, mantendo os actuais serviços e valências e recuperando os perdidos no Hospital dos Covões, mas “estes projectos foram rejeitados com os votos contra do PS e a abstenção de PSD, CDS e PAN”.
O PCP “saúda todos os que defendem o Hospital dos Covões, não deixando de lembrar que o progressivo desmantelamento desta unidade tem responsáveis, resulta de opções políticas que ao longo dos anos foram tomadas pelo PS, PSD e CDS e muitas vezes com a cumplicidade do poder local”. “Estas opções, que sempre contaram com a oposição, com a crítica, com a luta e proposta de valorização do Hospital dos Covões por parte do PCP, foram levadas a cabo beneficiando os interesses privados, os grandes grupos económicos ligados à saúde e em claro prejuízo das populações e dos utentes”, considera aquele órgão partidário.
Em 2011 foi criado o Centro Universitário de Coimbra (CHUC), com os comunistas a considerarem que “esta fusão confirmou as razões pelas quais o PCP a combateu: sobrecarregou serviços, encerrou unidades de saúde, desmantelou valências, desestruturou equipas e foi acompanhada com a instalação de várias unidades hospitalares privadas na região”.
“Em recentes declarações na Comissão Parlamentar de Saúde, a ministra Marta Temido confirmou aquilo que o PCP afirma desde o início do processo: a ausência de estudos técnicos prévios ou auscultação dos seus profissionais e serviços envolvidos. Portanto, sem estudos técnicos foram sendo retirados do Hospital dos Covões, que abrangia cerca de 800 000 utentes, serviços tão nucleares como os de Gastrenterologia, Neurologia, Neurocirurgia, Urologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia e outros, desarticulando equipas com grande experiência acumulada, desaproveitando a capacidade instalada”, refere a DORC.
Acrescenta-se, ainda, que “a desvalorização deste hospital prosseguiu, em Abril de 2019, com a extinção do Serviço de Pneumologia e, em Maio de 2020, com o encerramento do Serviço de Cardiologia, sendo que muitas das especialidades encerradas no Hospital dos Covões foram abrindo nas unidades hospitalares privadas”.
“Se, por um lado, o Hospital Geral dos Covões foi esvaziado, por outro, os HUC ficaram sobrecarregados. Filas na urgência, listas de espera insufladas, recurso a sucessivas soluções improvisadas para responder a esta sobrecarga, como sejam os contentores que vêm sendo instalados no seu perímetro”, refere o PCP.
A DORC dos comunistas realça que, este ano, “os Covões foram designados como hospital de referência para a covid-19, com todas as valências (Urgência, Medicina Interna, Pneumologia, Reanimação, Cardiologia, TAC, RMN, Nefrologia, Hemodiálise, Laboratório), revelando-se fundamental para o combate ao surto epidémico”, sublinhando que “as enfermarias desactivadas e as camas fechadas foram reactivadas e mostraram-se essenciais”.
“Quem pensou que finalmente seria reconhecida a importância deste hospital rapidamente verificou que os planos de desvalorização continuam e aprofundam-se. Recentemente foi anunciada a intenção de desvalorização das Urgências, o que demonstra que o que está em causa é o Hospital dos Covões em si mesmo e não apenas este ou aquele serviço ou valência, até porque um hospital sem Urgências é um hospital fragilizado. Apesar da ministra da Saúde afirmar que não haveria intenções de terminar com as urgências nos Covões, no entanto, reafirmou o seu apoio a processos de fusão de unidades de saúde, raiz da descaracterização do Hospital dos Covões”, conclui o PCP.