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José Sarmento Matos é o vencedor do Prémio Estação Imagem Coimbra

18 de Julho 2020 Jornal Campeão: José Sarmento Matos é o vencedor do Prémio Estação Imagem Coimbra

Uma das fotografias da reportagem vencedora do “Prémio Estação Imagem Coimbra 2020”, da autoria de José Sarmento Matos

 

O fotojornalista José Sarmento Matos foi o vencedor da 11.ª edição do “Prémio Estação Imagem Coimbra 2020”, com uma reportagem sobre o regresso a Portugal de uma família luso-venezuelana.

O Prémio, que distingue os melhores trabalhos na área do fotojornalismo, foi entregue esta tarde, no Convento São Francisco, em Coimbra, cidade que acolhe a “Estação Imagem” pelo terceiro ano consecutivo.

Quanto ao prémio, José Sarmento Matos afirmou que o mesmo “representa a sua dedicação à fotografia documental e fotojornalismo e ao premiado trabalho sobre o regresso a Portugal de uma família luso-venezuelana”, cuja “acção” se passa na Madeira e naquele país da América do Sul.

“[O prémio] é um culminar de dedicação específica a este projecto, a este tema, a estas pessoas, que me dão tanto e eu não sei o que dou em troca. Dou a minha presença, dou a partilha de experiências incríveis”, disse à agência Lusa José Sarmento Matos.

O autor considerou que a disponibilidade da família retratada na reportagem “Abandonando o Sonho Venezuelano” permitiu-lhe mostrar “o que é a situação na Venezuela” e o regresso de muitos luso-venezuelanos “e venezuelanos também” a Portugal.

“Não é um regresso, necessariamente. É voltar e recomeçar uma vida num sítio que é casa, mas ao mesmo tempo não é, que é a [ilha da] Madeira. E é o culminar de três anos de trabalho que ainda não percebi bem se está terminado”, afirmou.

José Sarmento de Matos adiantou, por outro lado, que pretende continuar a retratar a temática da diáspora portuguesa no mundo.

O fotojornalista, que vive entre Lisboa e Londres, diz que “praticamente” não trabalha em Portugal, fazendo-o, isso sim, a partir de Lisboa, para publicações ou projectos no estrangeiro e considera que isso “é uma diferença muito grande” no exercício da profissão.

“A indústria, de uma forma geral, está um pouco abalada com muitas coisas e há muitos problemas na possibilidade de ter trabalho e contar histórias, é muito difícil. Em Portugal é mais difícil ainda, há muitos fotojornalistas neste momento em Portugal com situações muito difíceis”, lembrou.

Para José Sarmento Matos, embora no nosso país não exista “um futuro brilhante ou um presente brilhante a acontecer” no fotojornalismo, eventos como o ‘Estação Imagem’ permitem “expor algumas histórias que não podem ficar esquecidas”.

Já Patrick Chauvel, o mais antigo repórter de guerra em exercício e presidente do júri da edição deste ano do festival de fotojornalismo, considerou que a parte mais importante dos eventos como o Estação Imagem “é toda a gente tentar mostrar o seu trabalho e tentar contar a sua história”. E essa é realmente a parte mais importante

“E é sempre muito difícil escolher: há melhores histórias que outras e dentro das melhores histórias há melhores fotografias”, exemplificou.

“E, por vezes, escolhemos essas histórias, também, porque conseguimos sentir a unidade [do trabalho]”, sublinhou. “Se for uma imagem forte, vão ver e depois vão ler. Se a imagem não for boa, então não estás a fazer bem o teu trabalho, portanto, tens de ser bom”, reafirmou.

“O que eu acho é que os grandes media fizeram coisas a mais acerca da pandemia de covid-19 e deviam contar outras histórias também. Falam muito disto, é um acontecimento importante e dramático, mas não é mais dramático do que a guerra na Síria ou coisas assim”, argumentou.

Luís Vasconcelos, promotor do ‘Estação Imagem’, frisou que o evento se vai manter em Coimbra, continuar a escolher “boas exposições para mostrar às pessoas e continuar a apostar no fotojornalismo português”.

Na cerimónia marcou, também, presença a vereadora da Cultura de Coimbra, Carina Gomes.

Outros vencedores

Para “Fotografia do Ano”, a escolha dos jurados foi para uma foto de Leonel de Castro obtida durante uma reportagem na cidade da Beira, em Moçambique, na sequência da destruição provocada pelo furacão Idai. O fotojornalista da Global Imagens obteve ainda o prémio na categoria Assuntos Contemporâneos e ainda uma menção honrosa na categoria Vida Quotidiana, cujo prémio foi atribuído a Gonçalo Fonseca.
Nas restantes cinco categorias, o júri internacional premiou os fotojornalistas Rui Duarte Silva – “Notícias”; Ana Brígida – “Artes e Espectáculos”; Carlos Folgoso Sueiro – “Ambiente”; António Pedro Santos – “Série de Retratos” e Rodrigo Antunes – “Desporto”.
A “Bolsa Estação Imagem 2020 Coimbra” foi, este ano, atribuída ao fotojornalista Ricardo Lopes, que se propõe desenvolver um trabalho sobre as tradições rurais e conhecimento popular no Interior do país, que caminham para o desaparecimento com uma população envelhecida e dispersa.
Esta edição contou com a submissão de cerca de 400 trabalhos, entre reportagens e candidaturas à “Fotografia do Ano”, com substancial aumento das propostas para a atribuição da Bolsa ESTAÇÃO IMAGEM Coimbra.

Os melhores trabalhos estão expostos, até final de Setembro, em vários locais da cidade de Coimbra: Sala da Cidade, Convento São Francisco, Edifício Chiado, Casa Municipal da Cultura, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e Centro Cultural Penedo da Saudade.
Os trabalhos vencedores desta edição do PRÉMIO ESTAÇÃO IMAGEM vão estar expostos na Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, em Loulé, de 07 de Agosto a 12 de Setembro próximos.