A União de Freguesias de Coimbra protestou, hoje, pela retirada da escultura que se encontrava junto ao Centro de Arte Contemporânea, na inauguração com a presença do presidente da Câmara e da ministra da Cultura.
João Campos, presidente da Junta da União de Freguesias de Coimbra, justificou que foram ver as alegadas obras que o Município justificou para retirar a escultura – e até levaram capacetes – e “não viram nada”, considerando que a Câmara “mentiu”.
“A Câmara retirou a escultura sem conversar com a Junta da União de Freguesias, que é a proprietária da escultura paga pelo povo de Almedina”, declarou João Campos, considerando que o Município não se pode sobrepor a outro órgão autárquico legitimamente eleito”.
Duas das esculturas mais emblemáticas de Coimbra, situadas junto ao Arco de Almedina e no Quebra-Costas, vão ser deslocalizadas pela Câmara Municipal, uma atitude com que a União de Freguesias (UF) de Coimbra não concorda, acusando a autarquia de mentir.
A escultura “Guitarra de Coimbra”, da autoria de Celestino Alves André, que há sete anos está localizada no largo junto ao Arco de Almedina, será relocalizada, pelo Município, para o local onde, também há muitos anos, está patente a escultura da “Tricana de Coimbra”, que por sua vez passará para o largo da Sé Velha.
O motivo, explica a autarquia, prende-se com as “várias intervenções de requalificação urbana que estão e vão decorrer na zona entre o Arco de Almedina e a Sé Velha”, sendo que a mudança irá acontecer assim que estiverem “concluídas as obras de reabilitação e valorização desta zona da cidade, classificada como Património Mundial pela UNESCO”.
Se, por um lado, a Câmara Municipal afirma que “o plano foi desenvolvido em articulação com o escultor Celestino Alves André, tendo merecido a sua concordância”; por outro, a União de Freguesias de Coimbra, que é legítima detentora das esculturas, acusa o Executivo de mentir sobre todo este processo.
“A Câmara Municipal de Coimbra mente quando diz que tudo foi articulado com o escultor. Não nos foi reenviada qualquer aceitação, por escrito, do escultor à Câmara Municipal de Coimbra articulando seja o que for.
A única resposta que o escultor deu à União das Freguesias foi que as estátuas eram de quem as tinha pagado – no caso o povo de Almedina – e isso mesmo tinha sido transmitido à CMC, nunca tendo articulado seja o que fosse”, revela a UF. Para além disto, a UF vinca que “nunca fez parte do processo de alteração da localização das duas estátuas. Nunca o povo de Almedina foi ouvido sobre a relocalização das estátuas”.
Na sua explicação ao “Campeão”, a Câmara Municipal entende “ter apresentado as melhores soluções para as novas e dignas localizações destas esculturas, tanto que foram aceites pelo escultor, mas já transmitiu à União das Freguesias de Coimbra, a 25 de Junho, que está, naturalmente, disponível para considerar/acordar outras que entendam mais adequadas, aguardando neste momento resposta a essa comunicação”.
Lamenta a vereadora da Cultura e Turismo, Carina Gomes, “este incidente, criado pela obstinação do presidente da União das Freguesias de Coimbra, sem qualquer fundamento razoável e apenas com objectivo mediático, repudiando veementemente as acusações proferidas por este autarca”.
Perante isto, o Executivo da União de Freguesias de Coimbra afirma que “não aceita que peguem na escultura ‘Tricana de Coimbra’, paga pelas gentes de Almedina e que a levem para outro local fora de Almedina. Isto é uma falta de respeito ao povo”. “Aqui traçamos uma linha vermelha. Não aceitamos que seja colocado em causa o bom nome dos seus elementos [UF]”, frisa.
A UF aponta o dedo à autarquia, também, pelo facto de a mesma usar da mentira “quando diz que escultura ‘Guitarra de Coimbra’ foi retirada por motivo de obras, sendo que não há qualquer empreitada junto ao arco de Almedina” e depois de “não ter querido responder no local próprio”.
Em comunicado, o Executivo exorta a vereadora da Cultura a “retratar-se das afirmações que fez, a pedir desculpa ao povo de Almedina e a ter a coragem de devolver ao seu legítimo local o que retirou”, intimando a autarquia que, “caso isso não aconteça a União das Freguesias de Coimbra reserva-se ao direito de: tornar pública todas as comunicações entre a Câmara Municipal e UF sobre este assunto e adoptar outras medidas, inclusive judiciais, para que este «roubo» ao povo de Almedina não seja concretizado”.