“Não se pode tomar decisões tão graves, como aquelas que têm sido tomadas em relação ao Hospital dos Covões, desqualificando vários serviços, e ficar-se impune, sem consequências”, considera o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.
Carlos Cortes é da opinião que se o Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) [presidido por Fernando Regateiro] tomou “decisões infundadas e irresponsáveis, tem que ter consequências”, porque “o impacto é sobre a saúde das pessoas”.
O líder da Ordem dos Médicos na Região Centro reagiu assim, ao ser interpelado pelo “Campeão” a propósito de declarações de ontem da ministra da Saúde, em Comissão Parlamentar, com Marta Temido a referir que “não há decisão política” para desmantelar serviços no Hospital dos Covões, nem nenhum plano estratégico para o desenvolvimento do CHUC.
“Essas afirmações são do meu ponto de vista muito graves, porque se se confirmarem significam que o anterior Conselho de Administração – e o actual, porque vários dos seus membros faziam parte do anterior – mentiu”, comenta Carlos Cortes.
Para este responsável médico, “se a decisão que foi tomada não foi uma técnica, não foi fundamentada em critérios técnicos, significa que quem as tomou é irresponsável e que toma decisões que do ponto de vista ético são graves”.
“Estou à espera de saber – e a própria Ordem dos Médicos irá questionar essas declarações da ministra da Saúde – se é verdade que não existe nenhum estudo técnico público, nem não público, o que significa que foi alguém que, de forma inconsciente, tomou uma decisão destas com o impacto que tem sobre os doentes, não só de Coimbra, do distrito, mas de toda a região Centro”, conclui Carlos Cortes.
Conforme noticiámos, a ministra da Saúde, questionada pelo deputado José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, respondeu: “Sobre se tem o Governo algum estudo técnico para justificar a transferência de serviços do Hospital Geral [dos Covões] para os Hospitais da Universidade de Coimbra, não. Fundamento para a reclassificação da Urgência, não. E estudo que sustente este tipo de opção também não”.
Marta Temido defendeu que se deve “apostar no trabalho da construção de um Centro Hospitalar que seja consistente, sustentável, integrado, e que não privilegie nenhuma das suas instituições originárias por qualquer razão”.