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Não houve decisão política nem estudos para desmantelar Hospital dos Covões

1 de Julho 2020 Jornal Campeão: Não houve decisão política nem estudos para desmantelar Hospital dos Covões

A ministra da Saúde afirmou, hoje, que “não há decisão política” para desmantelar serviços no Hospital dos Covões nem nenhum plano estratégico para o desenvolvimento do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Marta Temido foi questionada por deputados durante uma audição na Comissão Parlamentar da Saúde, onde foi ouvida.

“Sobre se tem o Governo algum estudo técnico para justificar a transferência de serviços do Hospital Geral [dos Covões] para os Hospitais da Universidade de Coimbra, não. Fundamento para a reclassificação da Urgência, não. E estudo que sustente este tipo de opção também não”, respondeu Marta Temido, questionada por José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda.

“De resto, também não há uma decisão política”, acrescentou a ministra, salientando que os estudos técnicos “têm de ser norteadores daquilo que são as opções, mas têm de ser também partilhados e participados”.

A ministra salientou, ainda, que existe uma equipa de gestão no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), “que começou o seu trabalho há poucos dias”, e defendeu que se deve “apostar no trabalho da construção de um Centro Hospitalar que seja consistente, sustentável, integrado, e que não privilegie nenhuma das suas instituições originárias por qualquer razão”.

“E também me perguntavam pelo plano estratégico. Também não há nenhum plano estratégico para o desenvolvimento do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Pelo menos que tenha sido entregue nos últimos tempos. Não digo que no passado não possa ter existido e até ainda anterior à constituição do Centro Hospitalar, para cada uma das unidades”, disse.

Várias entidades de Coimbra têm denunciado o alegado esvaziamento do Hospital dos Covões e para hoje está marcada uma caravana automóvel de protesto.

Na segunda-feira, a Assembleia Municipal de Coimbra repudiou o “desmantelamento e destruição de serviços de referência” e a “delapidação de recursos” em saúde e exigiu que a administração do CHUC considere o Hospital dos Covões de “primordial importância”.

A moção, apresentada pelo PS, manifesta “repúdio pela acção de Administrações cessantes do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)”, que têm “demonstrado irredutibilidade no desmantelamento e destruição de serviços de referência, e delapidação de recursos organizativos em saúde”.

Simultaneamente, é colocado “em causa o processo de fusão hospitalar” (no âmbito do qual foi, em 2010, criado o CHUC), acrescenta a moção, que exige à nova administração do CHUC (já nomeada) um Plano Estratégico Funcional, que “respeite e considere” o Hospital dos Covões como “estrutura de referência, que sempre foi, e de primordial importância”.

Pelo seu lado, o novo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Carlos Santos, negou que esteja em curso qualquer processo de desqualificação do Hospital Geral.

“Os objectivos e os planos para o Hospital Geral não estão nem de longe nem de perto associados a qualquer desqualificação. Pelo contrário, há uma permanente qualificação e projectos para aquela unidade hospitalar, que é absolutamente essencial para a estratégia do CHUC como um todo”, disse o responsável à agência Lusa.

Uma petição com o título “Devolver a autonomia ao Hospital dos Covões do Centro Hospitalar de Coimbra – Pelo direito ao acesso a cuidados de saúde de qualidade” deu entrada na Assembleia da República no dia 01 de Junho e é subscrita por 4 493 peticionários.

O CHUC agrega os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), o Hospital Geral (Hospital dos Covões), o Hospital Pediátrico, duas maternidades (Bissaya Barreto e Daniel de Matos) e o Hospital Psiquiátrico Sobral Cid.