Coimbra  12 de Dezembro de 2024 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Investigadores da UC detectam antioxidantes e repelentes em resíduos de pinheiros

24 de Junho 2020 Jornal Campeão: Investigadores da UC detectam antioxidantes e repelentes em resíduos de pinheiros

Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) identificou, com “grande surpresa”, compostos com propriedades antioxidantes e repelentes/insecticidas nos cepos e ramos dos pinheiros.

A descoberta foi realizada no âmbito de um estudo sobre “o potencial de valorização de quatro subprodutos dos sectores florestal e agro-alimentar no contexto de uma biorrefinaria, contribuindo, assim, para a bioeconomia”, afirmou a UC.

A bioeconomia, “conceito promovido em todo o mundo”, pretende “substituir recursos fósseis e encontrar novas estratégias para a gestão de resíduos”. A biorrefinaria, explica a UC, consiste no aproveitamento total da biomassa, “produzindo produtos de valor acrescentado e/ou energia a partir de matérias-primas diversas”, isto é, visa aproveitar “tudo o que se extrai da natureza, reduzindo ao máximo o resíduo e sem causar estragos ecológicos”.

Os resíduos seleccionados pela equipa de investigadores, liderada por António Portugal, do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foram ramos e cepos de pinheiros, tomate em decomposição e águas residuais vinícolas, coisas muito abundantes no país.

Portugal é um dos maiores produtores europeus de tomate, exemplifica a UC, recordando que “só em 2018 contou com 1,2 milhões de toneladas”, gerando elevados desperdícios, “designadamente em relação ao tomate em decomposição”.

Após uma “avaliação exaustiva das propriedades destes resíduos”, os investigadores identificaram nos resíduos do pinheiro “a presença de substâncias com forte actividade antioxidante e um composto que tem potencial como repelente/insecticida”, revela a Universidade.

“Além de demonstrar que os quatro resíduos são promissores para a economia de base biológica portuguesa, a grande surpresa foi encontrar compostos com propriedades antioxidantes e repelentes nos cepos e ramos dos pinheiros, respectivamente”, afirmam Marisa Gaspar e Mara Braga, investigadoras do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta da FCTUC.

“Esses extractos com as propriedades antioxidantes podem ser incorporados em produtos de cosmética ou produtos alimentares e farmacêuticos”, sublinham.

A grande novidade deste projecto, destacam as investigadoras, é aproveitar estes subprodutos antes de se chegar à fase de produção de energia.

“Apesar de já existirem algumas biorrefinarias, essencialmente para a produção de biogás e bioetanol, ainda existem matérias-primas que não são exploradas, principalmente nas indústrias agrícola e florestal”, afirmam, citadas pela UC, Marisa Gaspar e Mara Braga.