O Sindicato Independente dos Médicos do Centro denunciou o “completo desnorte” na gestão do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), dando como exemplo a redução de camas e encerramento de serviços no Hospital dos Covões.
O Sindicato (SIM-Centro) garante que, desde a fusão de hospitais de 2011, que conduziu à criação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), “não se vislumbra um qualquer projecto estratégico que ajude a projectar a instituição, mas também a garantir uma melhor prestação de cuidados à população da região Centro e da cidade de Coimbra”.
O CHUC serve uma população superior a 2,2 milhões de utentes, sendo constituído por “dois hospitais de adultos” (polo HUC e polo Hospital Geral dos Covões), um Hospital Pediátrico e duas maternidades (Maternidade Daniel de Matos e Maternidade Bissaya Barreto).
“Desde a fusão que se tem vindo a observar o encerramento progressivo de Serviços e redução do número de camas activas no polo HG-Covões. Foram encerradas neste período mais de 200 camas e encerrados vários Serviços a exemplo, Neurologia, Neurocirurgia, Infeto-Contagiosas, Gastrenterologia, Urologia e mais recentemente as enfermarias de Pneumologia e de Cardiologia”, denuncia o Sindicato.
A denúncia surge numa altura em que está a ser discutido o encerramento ou “esvaziamento” do serviço de urgência dos Covões, possibilidade muito contestada por diversos sectores. Na terça-feira (09), com o apoio da Ordem dos Médicos, milhares de pessoas formaram um cordão humano à porta do Hospital para protestar contra o encerramento das Urgências.
O presidente do CHUC, Fernando Regateiro, realçou, a 24 de Maio, a importância dos Covões para acolher “funções assistenciais relevantes” e negou o seu alegado esvaziamento, mas não conseguiu travar os protestos.
“Não há qualquer intenção” de deixar de utilizar o Hospital dos Covões para nele “localizar funções assistenciais relevantes, à luz da resposta global que o CHUC tem o dever de organizar para a procura actualmente registada e que preveja para o futuro”, assegurou então Fernando Regateiro, reagindo a um comunicado do PS de Coimbra, que pedia ao Governo uma tomada de uma posição pública sobre o futuro dos Covões, de maneira a evitar o “desmantelamento silencioso” deste hospital.
A ministra da Saúde afirmou, entretanto, não ter conhecimento oficial da intenção do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) de vir a encerrar a Urgência do Hospital dos Covões e disse que qualquer decisão tem de ser técnica.
Para o SIM-Centro o “desnorte” está instalado, assistindo-se “a um progressivo aumento dos tempos de espera para a realização de Consultas, Meios Complementares de Diagnóstico e Intervenções Cirúrgicas, com descontentamento da população”.
José Carlos Almeida, secretário regional do Sindicato, manifesta a “preocupação pelo estado da assistência médica na maior instituição de saúde da região, bem como a sua solidariedade para todos aqueles, sejam profissionais ou população em geral que se manifestaram, de forma histórica, junto ao Hospital Geral dos Covões”.