A forma como estão a ser geridas as alterações no Hospital dos Covões é “veemente condenada” pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).
O processo, segundo a SRCOM vem já desde “o início do processo de fusão, em 2011, que, por essa via, criou o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)”.
“Ainda não existe qualquer estudo que demonstre a viabilidade do projecto de fusão, nem os benefícios para os cuidados de saúde e para os doentes. Esta forma de actuação é condenável por fomentar a desconfiança”, assume o presidente da SRCOM, Carlos Cortes.
“O processo esteve sempre envolto em secretismo e nas mãos de um pequeno grupo sem nunca ter existido qualquer envolvimento dos profissionais, dos utentes e de outros agentes do sector. Os acontecimentos dos últimos dias, que aludem à eventual desqualificação do serviço de urgência, surgem no pior momento. Numa altura em que esta unidade foi o exemplo do esforço de todos os profissionais na luta contra o SARS-Cov-2/COVID-19, a notícia vinda agora a público desvaloriza a dedicação e todo o percurso desta unidade hospitalar onde o desenvolvimento científico, técnico e humano em muito contribui para o sucesso do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, afirma o médico responsável pela Secção do Centro.
Assume, ainda, Carlos Cortes que “a cumprir-se esta incompreensível e irresponsável decisão, tal prejudicará irremediavelmente os cuidados de saúde e os doentes que necessitarem da ajuda do maior centro hospitalar da Península Ibérica”.
Na opinião do presidente da SRCOM, esta não é uma questão de Coimbra ou da sua zona limítrofe. “Esta decisão não diz apenas respeito ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. É necessário ter noção estratégica e nortear as decisões com base no princípio da solidariedade de todo o Serviço Nacional de Saúde. O papel do CHUC tem uma amplitude nacional com uma referenciação directa de toda a região Centro, tratar este assunto a um nível exclusivamente local é prejudicar toda uma região como tem sido notório nas recentes decisões. A questão é saber se a região Centro beneficia com a desqualificação do Serviço de Urgência do Hospital dos Covões ou se essa decisão serve algum interesse nunca escrutinado”.
E acrescenta: “Lamentamos que todo este processo tenha sido, desde o início, conduzido sempre à porta fechada, sem ouvir os profissionais no terreno, sem partilhar com os dirigentes da região. Tem de se deixar de tratar o CHUC como um centro hospitalar local”.
Numa altura em que os profissionais enfrentam a perda de valências, a falta de recursos humanos e tecnológicos, a SRCOM assume que, “para estancar os problemas, é necessário existir uma visão renovada, mais estratégica, mais solidária, mais preocupada com uma resposta regional e nacional, ao invés uma visão economicista e minimalista do papel deste importante centro hospitalar”