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Regresso de famílias faz duplicar população da Pampilhosa da Serra em dois meses

29 de Maio 2020

A população do concelho da Pampilhosa da Serra, com o regresso temporário de muitas famílias, duplicou nos últimos dois meses, ao passar de 4 500 para 9 000 residentes.

“Temos neste momento o dobro dos habitantes”, declarou José Brito à agência Lusa, associando esta situação ao actual contexto da pandemia da covid-19.

Há mais de dois meses, a autarquia já sabia que “muitas famílias” da diáspora tinham regressado temporariamente às suas habitações neste Município do Interior.

Tal tendência começou a verificar-se antes de 18 de Março, data em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou o estado de emergência.

Sede de um município com quase 4 500 habitantes, a residir na vila e em 109 povoações dispersas num território montanhoso com uma área próxima dos 400 quilómetros quadrados, Pampilhosa da Serra tem uma importante comunidade de naturais e descendentes na zona de Lisboa, além de migrantes noutros pontos do país e no estrangeiro.

Dispondo de casa na aldeia, onde passam habitualmente férias e fins-de-semana, aproveitando nalguns casos para cuidar das propriedades agrícolas e florestais, muitas dessas pessoas optaram por cumprir o confinamento na terra de origem.

“Estar numa casa com quintal é muito diferente de estar fechado num apartamento, numa cidade como Lisboa”, exemplificou o presidente da autarquia.

Só quando os serviços distribuíam, gratuitamente, material de protecção aos moradores é que a Câmara Municipal teve uma noção “mais exacta” de quanto a população tinha aumentado nos últimos meses. “Tivemos de comprar mais máscaras e álcool gel”, contou José Brito.

Esta duplicação repentina do número de habitantes, com o regresso antecipado de pessoas que já o costumam fazer pelo menos uma vez no ano, especialmente nos meses de Verão, agradou ao executivo. “Deu-nos muita satisfação”, confirmou o autarca da Pampilhosa da Serra, onde não há actualmente infecções por covid-19.

No início de Abril, Pampilhosa da Serra registou apenas um caso positivo, de uma jovem residente em Coimbra, onde é estagiária de enfermagem numa instituição e que visitou a família nessa altura.

Esta semana, o município continuava sem qualquer infectado pelo novo coronavírus.

“Este resultado deve-se muito ao comportamento das pessoas neste período difícil”, disse José Brito à Lusa.

A autarquia “fez o que devia e que os outros municípios fizeram também” para travar a propagação do novo coronavírus.

Pelo menos 33 municípios do Interior estão sem casos até hoje, devido, provavelmente, ao “despovoamento territorial e isolamento das populações, bem como o comportamento cívico dos cidadãos e medidas tomadas atempadamente”, explicam vários presidentes de Câmara, a ausência de casos de covid-19 em municípios do Interior da região Centro.

Segundo um levantamento realizado pela agência Lusa, nove concelhos dos distritos de Coimbra, Guarda, Castelo Branco e Viseu mantinham-se, até quarta-feira (27), sem qualquer caso de infecção pelo novo coronavírus.

A lista inclui os municípios de São João da Pesqueira e Tarouca (Viseu), Pampilhosa da Serra (Coimbra), Mêda (Guarda) e Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Belmonte, Oleiros e Vila Velha de Ródão, todos no distrito de Castelo Branco.