A tão esperada requalificação do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, que deveria ter começado logo no primeiro mês do ano, só hoje viu arrancar as obras, numa cerimónia que contou com a ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Os danos profundos que o monumento apresenta são consequência das inundações de 2016, mas já depois da empreitada ter sido consignada, em Novembro do ano passado, o Mosteiro voltou a sofrer prejuízos decorrentes de novas cheias no mês de Dezembro.
As obras de reabilitação e conservação do Mosteiro, que é gerido pela Direcção Regional de Cultura do Centro, constituem um investimento de mais de meio milhão de euros (549 605 euros), financiados pelo Programa Operacional Regional Centro 2020, e deverão durar mais de um ano.
O arranque da empreitada teve lugar hoje, numa cerimónia em que a ministra da Cultura foi acompanhada pela directora regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes; do presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado; da vereadora da Cultura, Carina Gomes; e de Bernardo Alabaça (director geral do Património Cultural).
“O monumento não esteve encerrado – fomos encontrando soluções e estratégias para continuar a desenvolver a sua missão -, mas temos problemas para resolver, quer da conservação, em termos de pedra, azulejo e estruturas de apoio ao próprio monumento, quer das acessibilidades”, explicou Suzana Menezes.
De acordo com a responsável, esta é “uma intervenção bastante exaustiva e completa”, estando focada nos “problemas estruturais de conservação do monumento”.
Graça Fonseca salientou que a política pública de preservação patrimonial do Estado e dos municípios tem, hoje, que “assentar não apenas na intervenção para restaurar”, mas também a pensar nos riscos associados às alterações climáticas.
Durante a sua intervenção, a responsável da tutela sublinhou igualmente a “importância do património cultural ser espaço de programação cultural”, esperando que também neste Mosteiro possa haver eventos culturais.
Em traços gerais, as intervenções no Mosteiro incluem trabalhos: na igreja; no claustro; no recinto; no Centro Interpretativo; em particular trabalhos de conservação e restauro, construção de um pequeno armazém para acolher o espólio arqueológico e reparação da rede eléctrica, do sistema de iluminação, do sistema de rega e do sistema de vigilância.
A ministra da Cultura afirmou que “provavelmente a maior parte da programação cultural deste ano não terá preço”, salientando que o trabalho feito pelo Governo é para garantir que os eventos aconteçam.
Questionada pela agência Lusa sobre se teme que uma lotação mais reduzida nos eventos culturais venha a provocar um aumento do preço dos bilhetes, a ministra da Cultura respondeu que, apesar de não ser da sua responsabilidade fixar o preço, acredita que isso não irá acontecer.
“Provavelmente, a maior parte da programação cultural deste ano não terá preço, porque, naturalmente, todos percebemos que é importante poder devolver às pessoas e contribuir para que os artistas nesta fase tão difícil possam voltar precisamente a fazer aquilo que sabem fazer bem que é estar junto do seu público”, vincou.
Em resposta à pergunta sobre se isso queria dizer que a maioria da programação cultural seria tendencialmente gratuita, a ministra salientou que essa questão terá de ser feita “aos promotores culturais”.
A convicção da ministra e do Governo “é precisamente contrariar a ideia de que não vai acontecer nada”, realçou.
“Tem que acontecer e vai acontecer”, acrescentou, vincando que instituições públicas e privadas têm vindo a trabalhar para garantir que eventos culturais aconteçam.
Ontem (26), a ministra da Cultura revelou que teatros, salas de espectáculos e cinemas podem reabrir, a partir de segunda-feira, com todas as filas ocupadas e um lugar de intervalo entre os espectadores, que serão obrigados a usar máscara.
Hoje, Graça Fonseca referiu que a definição das regras foi um “trabalho difícil”, explicando que estas têm que ser “suficientemente flexíveis e adaptáveis não só para permitir que a programação cultural consiga acontecer, mas também que existam condições de sustentabilidade, desde logo financeira, para as entidades que querem programar e querem fazer programação cultural”.
Segundo a membro do Governo, ainda hoje seguirá um e-mail para todas as entidades consultadas pela tutela durante este processo (são cerca de 20) com um “documento em linguagem simples de quais são as regras para salas de teatro, salas de espectáculos e espaços ao ar livre”.