O Tribunal de Coimbra começa a julgar, na próxima segunda-feira (01), o alegado líder de um grupo que se dedicava à contrafacção de notas de euro, após uma investigação que levou à apreensão de mais de 20 000 notas por toda a Europa.
O arguido, de 34 anos, é acusado de liderar um grupo de quatro pessoas que se dedicava à produção e envio de notas de euro contrafeitas, tendo sido apreendidas e detectadas, entre início de 2017 e Agosto de 2019, 24 775 notas de 50 euros e 10 euros criadas por esta organização, refere o Ministério Público, na acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Os restantes quatro arguidos estão a ser julgados noutro processo, que começou no dia 18, também no Tribunal de Coimbra, e que conta já com leitura de sentença marcada para 15 de Junho.
O alegado líder do grupo, actualmente em prisão preventiva, está a ser julgado num processo separado por ter requerido tribunal de júri, estando os restantes a ser julgados por um colectivo de juízes.
De acordo com a acusação, o grupo dedicava-se à contrafacção de notas de euro e à sua venda na ‘darknet’, enviando para destinos na Europa, como Montenegro, Irlanda, Alemanha, Inglaterra, França, Áustria, Luxemburgo, Bélgica ou República Checa, sendo as encomendas pagas em ‘bitcoin’ (criptomoeda).
O grupo ter-se-á formado nos finais de 2016, sendo constituído pelo arguido, a companheira que teve entre 2016 e 2018, e os pais desta, aos quais se juntou um outro homem em 2019.
Segundo o Ministério Público, o líder do grupo tratava de publicitar a venda das notas na Internet (vendia a 10 euros cada nota de 50), orientando depois os restantes membros para tratar de produzir as quantidades pretendidas e enviar as notas, que ao início eram fabricadas na residência da sua companheira e dos seus pais, em Fão, Esposende, bem como num anexo de uma casa que estes tinham em Valadares, Vila Nova de Gaia.
No início de 2018, o líder do grupo mudou-se para a Colômbia, mas manteve a actividade do grupo, contactando com a ex-companheira através de plataformas como o ‘Signal’ e o ‘Whatsapp’.
Em 2019, o grupo passou a produzir as notas no concelho de Cantanhede, altura em que se juntou mais um elemento à organização.
O Ministério Público (MP) afirma que as notas começaram a ser identificadas logo em Janeiro de 2017, a circular em Montenegro e na Irlanda, sendo depois detectadas ainda nesse ano também em Portugal, nas cidades do Porto e de Leiria.
Em Junho de 2019, foram apreendidas várias encomendas com diversos destinos europeus, inclusive uma com 605 notas contrafeitas de 50 euros, inseridas dentro de uma câmara de vigilância, que tinham como destino a Inglaterra.
Nessa altura, nota o MP, a actividade estava a expandir-se ao ponto de o grupo estar à procura de “um serviço de estafetas para efectuar o envio pelos correios”, altura em que a operação da PJ pôs termo à sua actividade.
Para além das 24 775 notas de 50 e 10 euros detectadas, entre 2017 e Agosto de 2019, foram ainda apreendidas 287 notas de 50 euros e 87 notas de 10 euros nas buscas realizadas.
O líder do grupo, tal como os restantes arguidos, é acusado de um crime de contrafacção de moeda e um crime de passagem de moeda falsa.