O antigo secretário de Estado da Saúde José Martins Nunes destacou, hoje, o papel de António Arnaut na criação e manutenção do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que mostrou a sua resiliência durante o combate à covid-19.
Martins Nunes salienta que, na actual pandemia, o SNS superou “uma das suas provas mais difíceis” desde a sua criação, em Setembro de 1979, pela mão do advogado António Arnaut, de Coimbra, então ministro dos Assuntos Sociais, que morreu faz hoje precisamente dois anos.
“Hoje, mais do que nunca, temos que dar muito valor e valorizar o que foi a sua iniciativa de criar este grande patamar social, económico e sanitário que foi o SNS”, disse o médico à agência Lusa.
Para Martins Nunes, que exerceu o cargo de secretário de Estado da Saúde entre 1991 e 1993, “foi a teimosia e rebeldia, por vezes, mas também a enorme capacidade de vencer alguns obstáculos”, que permitiram que António Arnaut conseguisse “pôr de pé um dos pilares mais importantes do 25 de Abril” de 1974.
O antigo governante sublinha que a “resiliência dos profissionais de saúde, dos hospitais e centros de saúde nestes dias [de pandemia] só foi possível porque alguém, em 1979, decidiu que um SNS gratuito e universal era o futuro e a melhor abordagem para a solidariedade e para a justiça social, e também para o desenvolvimento e eficácia de políticas promotoras da saúde para os portugueses”.
O médico, que liderou o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), considera que, a partir desta pandemia, o SNS “tem uma função acrescida e tem de ser desenvolvida de uma maneira diferente”.
“O SNS, que até agora investiu em grandes áreas de desenvolvimento, terapêuticas oncológicas e cardíacas, tem de investir na área da prevenção e, sobretudo, nas áreas tecnológicas de cuidados intensivos e de tratamentos dedicados às grandes pandemias, porque esta, infelizmente, não vai ser a última”, defendeu.
Segundo Martins Nunes, a evolução tem de ser “neste sentido”, num mundo global em que as pandemias rapidamente se espalham e é necessário “estar-se prevenido”.
“Temos tido ameaças, como o caso do Ébola e outras, e, portanto, no final de tudo, com certeza [o SNS] irá evoluir no sentido de ter em consideração esta nova maneira de defender as populações deste tipo de ameaças”, frisou.