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Relatório da OMS apela a investimento urgente no sector da enfermagem

12 de Maio 2020 Jornal Campeão: Relatório da OMS apela a investimento urgente no sector da enfermagem

O investimento maciço da educação de novos enfermeiros e a criação de mais empregos de enfermagem são dois dos pontos fundamentais saídos do primeiro ‘Relatório sobre a Situação Mundial da Enfermagem”.

Lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a 07 de Abril, para celebrar a efeméride do Dia Mundial, este documento defende que “os governos têm de investir numa aceleração maciça da educação de novos enfermeiros, na criação de mais empregos de enfermagem e na liderança destes profissionais”. Este é um documento “histórico”, uma vez que assinala o recorde histórico de 191 países (a quase totalidade das nações) a facultarem dados para este testemunho escrito.

Um estudo pertinente sobre uma das classes profissionais que mais está em destaque nesta altura, em todo o mundo, devido à pandemia de covid-19, uma nova doença que veio, igualmente, chamar a atenção para o facto de ser “urgente o reforço de mão-de-obra no sector da saúde”.

Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, “os enfermeiros são a espinha dorsal de qualquer sistema de saúde e, hoje, muitos encontram-se na linha da frente na batalha contra a covid-19”, pelo que, considera, “este relatório é um lembrete muito claro do papel único que desempenham e um alerta para garantir que recebem o apoio que necessitam para manter o mundo saudável”.

Para a OMS, se não houver enfermeiros, enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica e outros profissionais da saúde, “os países não podem vencer a batalha contra os surtos ou alcançar a cobertura universal da saúde e os ‘Objectivos de Desenvolvimento Sustentável’”.

A corroborar a posição da OMS está Pedro Lopes, presidente do Conselho de Enfermagem Regional da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros, que sublinha: “as entidades internacionais vêm realçar a importância que o enfermeiro tem (e deve ter) em qualquer sistema de saúde no mundo. E isso torna-se ainda mais marcante e fundamental no momento actual que atravessamos. Nos últimos quatro anos, a Ordem dos Enfermeiros e os enfermeiros procuraram sempre reforçar a necessidade urgente de investir na Enfermagem, nos enfermeiros, no Serviço Nacional de Saúde e na optimização de recursos”. E acrescenta: “esperemos que, mais do que palmas – que muito as agradecemos – haja mais vontade, decisão e acção política para apoiar os Enfermeiros que, tal como hoje, sempre estiveram, e sempre vão estar lado a lado com os portugueses”.

Os enfermeiros representam, hoje, mais de metade de todos os profissionais de saúde do mundo (um total de 28 milhões – aproximadamente 59 por cento), prestando serviços vitais em todo o sistema de saúde. Contudo, há ainda um défice global de 5,9 milhões, sendo que quase 90 por cento desta falta de profissionais está concentrada em países de baixa e média renda (países em desenvolvimento – particularmente em África, no Sudeste Asiático e na região do Mediterrâneo Oriental, e em algumas regiões da América Latina).

O relatório admite que, até 2030, a escassez de enfermeiros poderá atingir os 5,7 milhões de profissionais de enfermagem (sobretudo em África, no sudeste da Ásia e no leste do Mediterrâneo), o que só será contrariado se todos os países aumentarem, em média, oito por cento no número total de enfermeiros formados anualmente, melhorando políticas de emprego e medidas de retenção.

Para a directora do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem, sediado na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Ananda Fernandes, “pela primeira vez, e no Ano Internacional do Enfermeiro, há dados que permitem traçar o panorama global sobre a enfermagem em todo o mundo”, notando que as conclusões do relatório contribuiu para que se faça um apelo “aos governos para que reconheçam que investir na enfermagem é essencial para obter a cobertura universal em saúde e atingir os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030”.