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Dia do Enfermeiro recorda “mãe” da enfermagem moderna e homenageia profissionais

12 de Maio 2020 Jornal Campeão: Dia do Enfermeiro recorda “mãe” da enfermagem moderna e homenageia profissionais

Celebra-se, hoje, o Dia Internacional do Enfermeiro, uma efeméride dedicada a todos os que cuidam de quem mais precisa, hoje mais do que nunca. Este dia, em 2020, é particularmente especial, já que se celebra o bicentenário do nascimento de Florence Nightingale, considerada como fundadora da enfermagem moderna, e é, também, o “Ano Internacional do Enfermeiro”.

Assim, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros (SRCOE) comemora esta efeméride com um vídeo inspirador do realizador Guilherme Cabral, já que as comemorações previstas para um evento público tiveram de ser canceladas.

O vídeo, já disponível no Youtube (https://youtu.be/z98xQl3Fobg), tem um carácter inspirador e pretende “evidenciar o papel dos enfermeiros”.

“A mensagem que se pretende transmitir é a de que o enfermeiro cuida, desde sempre, todos os dias, de cada um de nós, e não apenas neste momento crítico, marcado pelo surto de covid-19”, revela a SRCOE, sublinhando que “graças ao profissionalismo do realizador Guilherme Cabral, este vídeo não heroiciza os enfermeiros; demonstra antes o seu compromisso para com o país, para com a vida, para com as pessoas, reiterando o lema da Ordem dos Enfermeiros: ‘Ninguém Está Sozinho’”.

“Não tenho dúvidas de que este vídeo irá unir (ainda mais) os cidadãos dos enfermeiros. A sociedade, mas também a nossa classe. Ficarão mais conscientes do valor e importância da enfermagem. É um marco que testemunha a entrega de cada enfermeiro pela garantia de cuidados de saúde seguros e de qualidade, não só em Portugal, como em todos os países do mundo, sobretudo numa fase tão delicada como a que todos nós estamos a viver”, afirma Ricardo Correia de Matos, presidente da SRCOE.

“A celebração deste dia é ainda mais simbólica porque neste ano assinala-se também o Ano Internacional do Enfermeiro. Passam 200 anos do nascimento da ‘mãe’ da Enfermagem, Florence Nightingale. E, além disso, é o ano em que, face à pandemia, nunca esteve tão presente a necessidade urgente de investir na enfermagem, na educação de novos enfermeiros, na criação de mais postos de trabalho em enfermagem e na liderança destes profissionais”, realça o responsável.

Covid-19 era “o momento que faltava” para o reconhecimento dos enfermeiros

Nos últimos anos, em particular em Portugal, o reconhecimento dos enfermeiros tem sido díspar entre população em geral e a tutela. Se, por um lado, a maioria dos cidadãos lhes reconhece a sua importância, sabedoria e dedicação; por outro, esta classe profissional acredita que tem sido esquecida pelos governantes, ao nível das condições de trabalho.

Curiosamente, a pandemia de covid-19 veio demonstrar, a todos sem excepção, a imprescindibilidade destes profissionais, a par de médicos e auxiliares, na linha da frente de qualquer doença, nos vários sistemas de Saúde.

E se há um ano, uma sucessão de greves dos enfermeiros, durante vários meses, levou até o Governo a recorrer à requisição civil para garantir os serviços mínimos em diversos hospitais do país; parece que agora o Ministério poderá vir a valorizar estes profissionais de outra forma.

Esta é, pelo menos, a convicção de Ricardo Matos, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros (SRCOE), considerando que “este era o momento que faltava” para o reconhecimento geral dos enfermeiros.

“Temos feito vários alertas para a necessidade emergente de aproveitar os recursos humanos para a prestação dos cuidados de saúde, integrando-os numa equipa multidisciplinar, porque isso não tem acontecido”, revela ao “Campeão”, Ricardo Matos.

O presidente da SRCOE salienta que “o Governo não tem sido o parceiro ideal”, mas acredita que a pandemia e o reconhecimento da sociedade a estes profissionais “vá obrigar a uma mudança no pensamento dos políticos”.

O empoderamento do enfermeiro e a oportunidade do SNS

A Direcção da Secção Regional do Centro, que tomou posse em 2016, tem focado o seu trabalho no “empoderamento individual dos enfermeiros, elevando o seu papel dentro de uma equipa multidisciplinar”; na “identificação de obstáculos para esta classe profissional e na sua resolução”, adianta o presidente.

Reconhecidos e valorizados além-fronteiras, estes profissionais “altamente qualificados”, têm, agora, a missão de se “empoderarem e de serem exigentes consigo próprios, integrados em equipas onde possam prestar os melhores cuidados com as melhores qualidades”. A elevação que se pretende do papel do enfermeiro só ajudará a “um sistema Nacional de Saúde mais robusto e sustentável”.

Assim, nota Ricardo Matos, “o Serviço Nacional de Saúde e os profissionais encontraram aqui a sua oportunidade. Os enfermeiros têm hoje uma voz activa, construtiva, e cabe-lhes a eles envolverem-se nas tomadas de decisão”.

Mas se o trabalho incansável dos enfermeiros na linha da frente do combate à covid-19 lhes deu a visibilidade que necessitavam para se afirmarem (ainda mais) enquanto classe, deixou-os, outra vez, de fora dos aumentos atribuídos aos funcionários públicos.

O presidente da SRCOE acredita, contudo, que “o Ministério está empenhado em ultrapassar este obstáculo e, ainda este mês os enfermeiros já terão acesso à retroactividade”.

“Acreditamos que existam constrangimentos financeiros e políticos, contudo, sentimos que há um empenho em regularizar as promessas feitas e as expectativas dos profissionais, resolvendo os problemas com transparência e credibilidade”, salienta o responsável.

Para Ricardo Matos, “depois da pandemia de covid-19, um período importante para todos a nível mundial, nada mais será como dantes”.

Aplicação ajuda a registar saúde e exposição de profissionais à covid-19

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros reformulou a plataforma “EuAlerto”, com o objectivo de “integrar um sistema de registo regular do estado de saúde e exposição dos enfermeiros ao novo coronavírus”.

Para a Ordem, “no contexto da actual pandemia tornou-se essencial aproximar ainda mais a Secção dos enfermeiros, daí a evolução e readaptação desta aplicação”.

Assim, os membros da SRCOE podem agora registar o seu estado de saúde na plataforma, indicando a sua situação, possíveis sintomas e “outros dados relevantes que possam influenciar o seu desempenho e atentar contra o seu exercício profissional”, nota.

Estas informações servirão para avaliar o desenvolvimento geográfico da covid-19 entre os enfermeiros e para uma acção dirigida na área de abrangência da SRCentro.

Paralelamente, a plataforma continuará a ter disponível a opção de denúncia e/ou exposição de situações que comprometam a dignidade profissional e a qualidade e segurança dos cuidados prestados aos cidadãos, e que necessitem da intervenção da Ordem dos Enfermeiros. Desde Abril de 2017, data do seu lançamento, esta página online registou mais de 400 queixas por parte de enfermeiros, e que foram devidamente acompanhadas pela SRCentro.

O acesso dos enfermeiros à plataforma “EuAlerto”é realizado com o seu número de cédula e senha do ‘Balcão Único’.