A Crioestaminal, laboratório de criopreservação de células estaminais, com sede em Cantanhede, anuncia que desenvolveu um medicamento experimental à base de células estaminais expandidas para tratar doentes mais graves com infecção por covid-19 (SARS-CoV-2).
A primeira fase de desenvolvimento do medicamento experimental foi concluída a 01 de Maio, pelo que a empresa espera, em breve, poder utilizá-lo para tratar doentes com covid-19.
Trata-se de um “medicamento experimental à base de células estaminais mesenquimais (sigla inglesa MSCs), constituído por doses de 100 milhões de MSCs do tecido do cordão umbilical”, revela a empresa, adiantando que, “nesta primeira fase foi produzida a primeira dose, com os necessários controlos de qualidade que permitirão a validação de todo o processo e a qualificação deste medicamento inovador como terapia experimental que poderá ser testada em doentes com covid-19 em condição mais grave”.
Este tipo de células tem, segundo a empresa, vindo a ser testada na China, Estados Unidos da América (EUA) e noutros países europeus para tratar doentes com pneumonias graves associadas a covid-19, “estando já em curso mais de 20 ensaios clínicos para estudar de forma alargada a segurança e eficácias desta terapia”, nota.
Os resultados de estudos recentes, conduzidos na China e nos EUA, que investigaram se as MSCs seriam capazes de tratar a pneumonia associada a covid-19, “com base nas propriedades imunomoduladoras e reparadoras conhecidas destas células, revelaram uma reversão notável dos sintomas, mesmo em condições críticas”, adianta a Crioestaminal. O que se verificou foi que a “função pulmonar e os sintomas destes doentes melhoraram significativamente após a administração de MSCs, tendo-se observado um reequilíbrio nas populações de células do sistema imunitário destes doentes, bem como do perfil de moléculas pró e anti-inflamatórias”.
Assim, “os resultados publicados permitiram observar que a terapia com MSCs foi capaz de inibir a hiperactivação do sistema imunitário e de promover a reparação celular endógena, melhorando o micro-ambiente pulmonar permitindo a recuperação destes doentes”.
Embora os estudos tenham sido testado “num número ainda restrito de doentes, os resultados favoráveis obtidos sugerem que as MSCs podem constituir uma nova estratégia terapêutica para o tratamento desta doença”.
“Nos últimos meses, perante a urgência da situação, tal como muitos outros grupos de investigação e empresas em todo o mundo, dedicamos todos os nossos esforços a tentar ajudar no combate a esta pandemia. Tirando partido de mais de 15 anos de experiência em projectos de investigação com células estaminais, em colaboração com hospitais e centros de ‘I&D’ em Portugal, e da nossa equipa de técnicos e investigadores altamente qualificados, criamos uma equipa de trabalho que tem vindo a desenvolver este projecto com uma dedicação e esforço notáveis”, refere André Gomes, director geral da Crioestaminal.
O responsável salienta ainda que “o desenvolvimento deste medicamento experimental em tempo recorde só foi possível graças ao investimento recente da empresa em instalações únicas em Portugal para a produção de terapias avançadas à base de células”.
Com a conclusão deste projecto, nas próximas semanas, o laboratório estará em condições de disponibilizar as primeiras doses de MSCs para o tratamento de doentes com covid-19 em condições mais graves. De acordo com os resultados obtidos nestas primeiras utilizações, nos próximos meses um grupo mais alargado de doentes poderá ser tratado com esta terapia celular experimental.