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Soure prepara mecanismo financeiro para apoiar comércio e serviços locais

21 de Abril 2020

A Câmara Municipal de Soure está a preparar um mecanismo administrativo de apoio financeiro aos pequenos negócios locais de comércio e serviços, para compensar os efeitos da pandemia da covid-19.

Mário Jorge Nunes, presidente do Município, explicou que a decisão de avançar para este tipo de apoio “a pequeninas e microempresas”, proprietárias de cabeleireiros, sapatarias ou cafés, entre outras actividades, foi já aprovada pelo executivo camarário e está agora em fase de fundamentação económica.

“Andamos [os municípios] a gastar milhões em regeneração urbana e agora as pessoas tiveram de fechar e manter as lojas fechadas. E há muita loja que se fechar por muito tempo já não abre”, justificou.

Ontem (20), o presidente da autarquia reuniu com diversos contabilistas do concelho “para avaliar o desgaste que os pequenos empresários estão a ter” e revelou que o mecanismo, ainda em estudo, poderá a vir a incluir a renda dos espaços comerciais, agora encerrados, e outras despesas que os destinatários da medida estão a suportar.

Embora antecipe que o mecanismo deverá ser posto em prática por candidatura dos interessados, terá um tecto máximo de apoio e dirá respeito aos meses de Março e Abril, na vigência do estado de emergência, Mário Nunes explicou que o processo passará, de acordo com a lei, por um período de consulta pública de 30 dias “para recolha de contributos”, antes de ser presente à Câmara e Assembleia Municipais para aprovação final.

“Espero que em Junho esteja aprovado”, enfatizou o autarca, recusando, para já, avançar com eventuais montantes de apoio, dado o estudo de fundamentação económica em curso.

Mário Nunes disse ainda que para fazer face às despesas crescentes de apoio, o Município ainda não procedeu a uma revisão do seu orçamento, mas foi obrigado a desorçamentar outras áreas de actuação – como a cultura, eventos ou promoção turística – canalizando esses recursos financeiros para a “emergência social” actual.

Sobre a situação de infectados pelo novo coronavírus até ao momento, Mário Nunes indicou que Soure registava, até à manhã de quinta-feira (16), 22 casos de residentes no concelho, números que, avisou, “foram validados pela Administração Regional de Saúde e Protecção Civil distrital, mas podem ser divergentes dos da Direcção-Geral da Saúde, por desfasamentos temporais”.

Dos 22 casos, metade dos quais profissionais de saúde, Soure registou um óbito e seis doentes curados, permanecendo activos 15 casos, incluindo quatro de pacientes “internados em Coimbra” e outros oito “confinados às suas residências” no concelho.

Das oito pessoas que estão em casa, em Soure, e que “todos os dias” falam com o delegado de saúde local e com funcionários do Município, “apenas três têm sintomas”, revelou Mário Nunes.

O presidente da autarquia enfatizou, aliás, que o Município está “muito grato” ao trabalho do delegado de saúde José Aníbal Barreiros, “um médico que está no final de mais de 40 anos de carreira e que tem sido inexcedível, sete dias por semana”.

A grande preocupação das autoridades, adiantou, centra-se nas instituições de solidariedade social e lares de idosos dispersos pelas 10 freguesias de Soure, que concentram cerca de 1000 utentes e 600 funcionários.

Paradoxalmente, aquilo que em tempos normais é um “constrangimento” para a actividade municipal (um concelho extenso, com cerca de 18.500 habitantes, a grande maioria dispersos por 150 aldeias e povoações), actualmente, face à pandemia de covid-19, “pode até ser uma vantagem”, assinala Mário Nunes.

“Se surgir um foco de infecção é mais fácil de controlar”, argumentou.

Entre diversas medidas que o Município tem vindo a tomar, conta-se a instalação de um centro de apoio nas instalações de uma antiga escola, onde foram instaladas 60 camas hospitalares adquiridas pelo Município.

Os quartos, antigas salas de aula, possuem aquecimento e capacidade para vários doentes: “É melhor do que estar num pavilhão e pode ser preciso, por exemplo, se tivermos de evacuar algum lar”, indicou o autarca.

Entretanto, até 16 de Maio, o Município irá proceder à realização de uma primeira fase de testes de rastreio (orçada em mais de 50 000 euros) e dirigida a profissionais das áreas da saúde e do apoio social, bombeiros, comerciantes e prestadores de serviços na comunidade, como barbeiros ou taxistas, entre outros.

O projecto, que contará com mais duas fases até ao início do próximo ano lectivo, envolvendo funcionários da autarquia e a comunidade escolar, pretende, segundo Mário Nunes, que metade da população de Soure (cerca de 9 000 pessoas) seja testada à covid-19 até ao próximo Outono, com estes testes disponibilizados pelo Município e outros do Serviço Nacional de Saúde.

“Vamos ter de encontrar mecanismos, na comunidade e nas escolas, para uma nova normalidade e as pessoas têm de ter essa consciência”, sublinhou.