Começa hoje (14) o terceiro período lectivo, mas a maioria dos alunos já não regressa à escola e continua a estudar à distância num modelo que pais, directores escolares e professores acreditam ser a melhor solução.
As escolas estão encerradas desde dia 16 de Março, altura em que o Governo decidiu suspender todas as actividades lectivas presenciais e os alunos trocaram a sala de aula por um espaço na sua casa, passando a ter aulas ‘online’ e a receber trabalhos por endereço electrónico ou correio.
Com o início do terceiro período regressa o modelo de ensino à distância, uma vez que o Executivo decidiu manter a suspensão das aulas presenciais para todos os alunos do ensino obrigatório, admitindo, apenas, o eventual regresso às escolas dos alunos dos 11.º e 12.º anos.
Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), afirmou estar confiante com o recomeço das aulas, uma vez que foram sendo corrigidos erros e afinadas falhas nas duas últimas semanas de aulas do 2.º período, que já decorreram à distância.
Alguns desses erros estavam relacionados com o acesso desigual dos alunos aos equipamentos tecnológicos necessários para acompanhar as aulas que decorriam em plataformas digitais e aos materiais de trabalho que os professores enviavam por ‘e-mail’ ou outras aplicações.
Ao longo das primeiras semanas de ensino à distância várias associações representantes dos diferentes membros da comunidade escolar denunciaram que nem todos os alunos tinham computadores e Internet em casa e, por isso, viam-se excluídos das aulas.
Entretanto, as escolas foram tentando atenuar estas dificuldades, com algumas a possibilitarem o levantamento dos trabalhos em papel, e algumas entidades públicas e privadas também se juntaram, assegurando a entrega dos materiais em casa ou a distribuição de computadores e ‘tablets’ pelas famílias mais carenciadas.
O problema também não passou despercebido ao Governo que criou uma solução para este terceiro período assente na televisão, através da transmissão de conteúdos pedagógicos na RTP Memória direccionados aos alunos do 1.º ao 9.º ano de escolaridade.
A grelha de programação do espaço ‘#EstudoEmCasa’, já é conhecida, mas os professores querem ter, também, acesso aos temas que vão ser tratados em cada emissão, que tem 30 minutos, para poderem preparar o trabalho com os alunos.
“Para os professores poderem organizar melhor as aulas, era importante que soubéssemos quais os conteúdos programáticos que serão exibidos na televisão” a partir de 20 de Abril, sublinhou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), em declarações à Lusa na segunda-feira.
As medidas foram anunciadas na quinta-feira passada pelo primeiro-ministro, António Costa, que comunicou também a suspensão das provas de aferição do ensino básico e dos exames do 9.º ano, mantendo-se apenas os exames nacionais do 11.º e do 12.º anos que sejam necessários para o acesso ao ensino superior.
No entanto, o período em que estes exames se realizam foi adiado, bem como o final do terceiro período, que poderá estender-se até 26 de Junho, para que os alunos do secundário tenham mais tempo para se prepararem para os exames, caso as aulas presenciais não possam ser retomadas já em Maio.