Uma Páscoa mais serena do que aquela que nos anunciavam, foi a previsão optimista que fiz publicar há semanas, aquando da declaração do estado de emergência. Precisamente no momento em que se pintavam cenários catastróficos e picos para Abril e Maio.
Como então afirmei, as variáveis são imensas e a pandemia desconhecida. No entanto, os tratamentos evoluíam e esse assassino oculto, que é o Covid-19, nessa altura ainda parecia estar sob controlo e a revelar-se mais “manso” do que em outros países, o que nos abria espaço a algum optimismo.
Usando de linguagem simples, também nunca deixei de denunciar as falhas clamorosas a que assistia e algumas das quais ainda persistem, embora mitigadas por uma condução política que, entretanto, melhorou.
Aproveito esta “pausa” para agradecer às centenas de pessoas que me encorajaram e às dezenas de colegas e outros profissionais da Saúde que, sem exceção, me manifestaram carinho, apoio e colaboração científica.
Os portugueses aprenderam depressa e, analisando os gráficos, neste momento quero deixar-vos uma mitigada mensagem de esperança, prevendo uma Páscoa certamente complicada, mas sem a devastação e desolação que vai por outros países.
Estribado na correcção das medidas que adiantei, bem como no ajuste das projecções que desenhei, irei certamente integrar todos os textos que tenho produzido numa futura publicação, em que também reflectirei sobre o futuro da Medicina e sobre a nossa sociedade.
Nada no mundo ficará como dantes. Mas eu acredito que iremos sair desta pandemia muito mais esclarecidos, mais unidos e, sobretudo, mais fortes.
Espero, também desta vez, não me enganar. Porém, para que possamos cantar uma vitória, ainda que sofrida e amarga, por favor não saiam de casa. E, se saírem, usem máscaras, óculos, gorros, luvas e desinfectantes…
Antecipo, pois, uma Páscoa de 2020 muito mais solidária do que aquelas a que uma civilização regida pelo egoísmo e pelo materialismo, nos estavam a conduzir.
Que assim seja!