O Movimento Somos Coimbra (SC) disse, hoje, não conseguir “compreender a obstinação” da Câmara “em fazer reuniões presenciais”, a propósito da sessão extraordinária do executivo municipal agendada para a próxima terça-feira (07).
O SC apresentou, por isso, um “requerimento para realização em modo não presencial” daquela reunião extraordinária, informa o Movimento, que está representado na Câmara por dois vereadores, José Manuel Silva e Ana Bastos.
Já em relação à sessão do executivo camarário, realizada em 23 de Março, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, para, de acordo com a Câmara, garantir a distância social entre os participantes, o Movimento se tinha manifestado contra essa reunião, face à pandemia da covid-19, e à qual os vereadores do SC não compareceram.
“Montar uma reunião por videoconferência é uma tarefa de minutos para praticamente qualquer adolescente”, sustenta o Somos Coimbra, no requerimento remetido ao presidente da Câmara, considerando que “é necessário apenas dispor de um normal computador pessoal, sem necessidade de qualquer assistência técnica especializada”.
No documento, o movimento afirma que “é triste ver que câmaras municipais com meios bem mais limitados do que Coimbra souberam resolver com ligeireza as simples questões técnicas associadas e já estão a ter reuniões por videoconferência”.
Depois de apontar exemplos de autarquias que optaram por aquela solução, o Movimento lamenta que Coimbra, sob a liderança de Manuel Machado “e pela mão desta coligação PS-PCP que a governa”, pareça “querer afirmar-se como uma cidade do século passado, feliz a disputar o campeonato dos últimos e a envergonhar” a cidade.
No mesmo requerimento, o Movimento destaca “a perigosidade e contagiosidade do vírus SARS-CoV-2 e o aumento do número de infectados, de ventilados e de mortos”.
“José Manuel Silva, que além de vereador é ex-bastonário da Ordem dos Médicos e médico numa enfermaria de medicina interna do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), onde já passaram doentes que acusaram positividade ao SARS-CoV-2”, afirma o SC, sustentando que “essa enfermaria vai aumentar o seu nível de risco com a transferência de doentes do Hospital dos Covões com queixas respiratórias, pois embora tenham teste negativo, como os testes actuais dão 30 por cento de falsos negativos, parte deles serão positivos reais”.
O risco de “o próprio vereador estar, ou vir a estar, infectado, é elevado”, alerta o SC, referindo que a sua outra representante no executivo camarário, Ana Bastos, “tem de prestar assistência a pessoas da geração anterior à sua”.
O SC apela, assim, ao presidente da Câmara de Coimbra que “providencie os meios necessários para que, pelo menos”, os seus dois vereadores possam “participar na reunião do executivo da Câmara de 07 de Abril por meios à distância, pois a situação de saúde pública vai continuar a deteriorar-se nas próximas semanas”.
Como é sabido, “duas outras vereadoras [eleitas pela coligação PSD/CDS/PPM/MPT] já não estiveram presentes na reunião anterior por razões de índole similar, e portanto, tudo indica, também não estarão na próxima”, salienta ainda o movimento, considerando que, “ao não criar condições para que um número tão elevado de vereadores participe nas reuniões”, Manuel Machado está, “na prática, a furtar-se ao escrutínio público e a suspender a democracia na Câmara de Coimbra”.