Perfil publicado a 28 de Novembro de 2019, na edição n.º 1000
Nome: PAULO Jorge Carvalho LEITÃO
Naturalidade: Coimbra
Idade: 39 Anos
Profissão: Engenheiro Civil; Deputado do PSD eleito pelo círculo eleitoral de Coimbra
Passatempos: Jogar futebol; Convívio com amigos; Acompanhar o crescimento dos filhos
Signo: Peixes
Nasceu em Coimbra mas dividiu os primeiros anos de vida entre a cidade dos estudantes e a província de Tete, localidade de Cahora-Bassa, em Moçambique. Os pais estavam emigrados nesse país e, por isso, Paulo Leitão chegou a África apenas com nove meses. Regressa, temporariamente, a Coimbra, com quatro anos e, em 1988, ruma novamente a Moçambique onde frequenta a escola portuguesa até finalizar o nono ano. Viviam-se tempos conturbados com a guerra civil mas, Cahora-Bassa, com cerca de mil habitantes portuguesas à época, atravessava-a de forma um pouco diferente das restantes cidades. “Quem assumia todas as funções do que equivaleria hoje a uma câmara municipal era a empresa cuja função era produzir energia eléctrica e vendê-la à África do Sul. A logística era toda assegurada pela empresa de produção de energia eléctrica. Por isso, a vida era um bocado diferente do que se passava no resto de Moçambique. Havia degradação noutras localidades mas em Cahora-Bassa as habitações eram boas, o nível de vida era bom, quer para os portugueses quer para os moçambicanos. O clima tropical era agradável, as infraestruturas eram boas, tínhamos até campos de futebol e piscina”, conta o engenheiro civil. Mas, não esqueçamos, vivia-se a guerra civil e, sendo esta localidade num planalto, a herança do exército português eram vedações de arame farpado e campos minados, que foram criados com o objectivo de proteger quer a povoação quer o empreendimento. Uma visão que Paulo Leitão não esquece. Outra visão que também não é muito habitual, é ter jogos de futebol que nunca acabavam, porque passava o exército e os nossos amigos moçambicanos eram ali recrutados para o serviço militar. Para muitos de nós isso é inconcebível”.
Regressou a Portugal, para cidade natal, e completou o ensino secundário na Escola Avelar Brotero. Traz na mala o gosto pelo futebol que tinha em Moçambique e integra a equipa de futsal da Académica mas, confessa, não era apologista de levantar cedo aos domingos para ir aos jogos, o que comprometeu a continuidade na equipa à qual pertenceu apenas um ano. Com uma paixão pela área da genética, na altura de escolher o curso a seguir no ensino superior, não enveredou por esse caminho, talvez influenciado pelo número de pessoas (familiares e conhecidos) ligadas à Engenharia.
Opta, portanto, em 1998, por tirar a Licenciatura em Engenharia Civil. A vida académica, essa, viveu-a de uma forma autodidata uma vez que preferia estudar em casa ao invés de ir às aulas. Sempre com bons resultados académicos acabou, no entanto, por levar mais dois anos que o estipulado a concluir a licenciatura. O motivo é aquele que hoje nos leva a fazer o seu perfil: a política, na altura ainda na pele de associativismo.
No início do terceiro ano do curso foi convidado para pertencer à equipa de Humberto Martins da Associação Académica de Coimbra (AAC). Foi vogal e, no ano a seguir, voltou a integrar a Direcção da AAC. A dedicação, quase exclusiva, a estas funções culminam no ano seguinte quando se candidata à Direcção deste organismo perdendo essas eleições. Mas o associativismo, todas as suas nuances e tudo o que o mesmo implica, já não eram novidade na vida de Paulo Leitão. “O associativismo já tinha entrado antes na minha vida na associação de estudantes da Brotero. Aliás o convite que o Humberto Martins me fez teve a ver com o facto de eu, no meu segundo ano, começar com o processo de criação do núcleo de engenharia civil que não existia na associação académica. Eu e um conjunto de colegas começámos a trabalhar nisso. A nível de participação sempre tive gosto pessoal em trabalhar neste âmbito. E, como consequência, em vez de cinco anos levei sete anos a tirar o curso”.
Um ano após ser derrotado nas eleições para a AAC retoma a vida partidária. Em 2006 foi candidato a presidente da comissão política distrital da Juventude Social Democrata (JSD) vencendo as eleições e, no congresso seguinte, assumiu funções de vice presidente da JSD a nível nacional. Quando acaba a licenciatura em engenharia civil ruma a Lisboa para trabalhar numa empresa de projectos na área de hidráulica. Por lá ficou cerca de dois anos, até que, em 2008, aceita o desafio de regressar a Coimbra para trabalhar para a Águas do Mondego (hoje Águas do Centro Litoral) e assumir um papel de planeamento e implementação de projectos no terreno.
É, entretanto, convidado pelo anterior presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação, a integrar a executivo. Em 2013, Manuel Machado vence as eleições para a mesma autarquia e Paulo Leitão foi candidato único à comissão política de secção vencendo as eleições ficando, assim, como presidente da mesma até 2017, não se recandidatando no ano seguinte. Em 2018, precisamente no dia em que completava 38 anos, candidatou-se a presidente da comissão política distrital do PSD, posição que ocupa actualmente. É neste contexto que surge a disponibilidade para a lista que integrou e que o levou a ser um dos deputados eleitos pelo círculo eleitoral de Coimbra.
Mas, afirma Paulo Leitão, “a política é uma das profissões mais precárias que existe porque tanto se pode ser eleito como não ser por vontade popular. E depois, uma das coisas que se perde com a actividade política é não acompanhar tanto o crescimento dos filhos. Acho que um dia vou tirar uma «licença sabática». A actividade política não é para toda a vida e eu tenho tido actividade intensa do ponto vista político desde os meus 22 anos. Agora tenho este desafio da actividade parlamentar, entretanto vamos ver se não surgem outros mas… a política será sempre uma etapa e não um fim.”
“Em Coimbra temos uma missão árdua e motivadora. Temos vindo a perder ao longo de vários anos importância estratégica no que é a cidade no todo nacional. Coimbra não tem tido capacidade de atrair emprego e, ou se afirma e tem capacidade de reverter este ciclo, de se afirmar e ser um polo de atratividade e desenvolvimento ou, cada vez mais, vamos ter outras cidades a ultrapassar-nos e a reivindicar muitos dos serviços públicos que Coimbra tem. Coimbra tem tido resultados muito aquém das suas potencialidades.”
“Vou centrar-me em não desiludir aqueles que me elegeram. É um dos meus principais focos.”
“Quando integrei o executivo no mandato de Carlos Encarnação fiz-lhe um pedido especial. Pedi para não ter pelouros que não estivessem ligados à minha actividade profissional. Não sei se acontece o mesmo noutras profissões mas, na engenharia, para quem está em início de carreira, perder o contacto com aquilo que é a sua actividade profissional pode ser prejudicial para o futuro”.
“Neste momento sou um regionalista convicto. As pessoas associam sempre a regionalização a mais lugares políticos e mais custos ou encargos para os contribuintes. Mas temos de começar a colocar a questão de outra forma: a administração regional já existe, os lugares já existem e são preenchidos por nomeação. Ao serem as populações a decidirem quem elegem e poderem pedir-lhe responsabilidades é algo que é mais eficaz, obtém-se melhores resultados e não traz maiores custos. A regionalização deve ser encarada como um modelo mais eficaz e que permite poupar recursos ao Estado, cujo resultado final seja gastar menos e sermos melhor servidos. A concepção que foi feita da regionalização por alguns sectores da nossa vida política, foi feita com um certo populismo e, no entanto, nós constatamos que os países que mais se têm desenvolvido são aqueles que têm modelos mais descentralizados. Não me refiro a uma regionalização política mas sim administrativa como é claro. Como diz o Dr. Rui Rio, que já foi contra e agora é a favor, do modelo de autarquias regionais. Para Coimbra acho que é cada vez mais essencial, agregarmos vontades e remarmos todos para o mesmo lado, caso contrário será cada vez mais difícil a região afirmar-se neste panorama nacional.”
“Também convém inverter o rumo ideológico dominante no aspecto político nacional. A defesa intransigente de uma suposta igualdade é muito prejudicial à verdadeira igualdade de oportunidades. Esta sim, deverá nortear a ação política, dado que é a única que permitirá criar verdadeiros elevadores sociais e premiar o mérito.”
“Outra vertente extremamente importante na acção política prende-se com todas as ações que possamos fazer ao nível das alterações climáticas. Sem entrarmos em extremismos, devemos ter a consciência que se não agirmos no tempo correto, poderá vir a ser tarde de mais.”