O Município da Figueira da Foz tem em curso dois projectos, um de criação da “Quinta do Sal”, ligado à Ciência Viva, e outro de preservação das artes de pesca.
Os dois projectos foram revelados, hoje, na reunião da autarquia [que decorreu com os vereadores e funcionários municipais afastados um metro] que a ideia da “Quinta do Sal” está a ser desenvolvido em parceria com a Universidade de Coimbra e o laboratório Marefoz.
Estará englobado no novo conceito nacional das ‘Quintas de Ciência Viva’, estando prevista a sua instalação no Núcleo Museológico do Sal, na margem Sul do Mondego.
“Queremos transformar o Núcleo Museológico do Sal numa Quinta do Sal da Ciência Viva, virada para o saber fazer”, explicou a vice-presidente Ana Carvalho.
Argumentou que aquela infraestrutura cultural, anexa à salina camarária do ‘Corredor da Cobra’, “vai manter a parte museológica”, mas o projecto passa pela criação de novos equipamentos, “mais virado para as crianças”, com uma “parte pedagógica de ensinar a fazer o sal”, entre outras valências, incluindo científicas.
O projecto passa por uma candidatura a um fundo norueguês, que assume 75 por cento do financiamento desde que os imóveis a recuperar “sejam classificados”. Para tal, a autarquia aprovou hoje, por unanimidade, a classificação da salina do ‘Corredor da Cobra’, armazém de sal adjacente e o Núcleo Museológico do Sal como sítio de interesse municipal.
Outra classificação hoje aprovada, no caso como “conjunto de interesse municipal”, foi a de uma casa típica da povoação da Cova (o Abrigo do Pescador) e a embarcação Cova D’Oiro – ambas afectadas pela tempestade “Leslie” em 2018 – no âmbito de um projecto de preservação da memória e actividade das artes de pesca, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, numa parceria entre os municípios de Mira, Cantanhede e Figueira da Foz.
Ana Carvalho disse que, para além da reabilitação de edifícios, o projecto “tem muito de imaterial”, já que pretende recolher imagens e outra documentação das artes de pesca naqueles três concelhos litorais.
“Hoje, só há uma pessoa, em Mira, que constrói os barcos da xávega. Queremos registar a memória dessa pesca em filme para que não se perca”, assinalou a autarca.
Quanto ao Abrigo dos Pescadores, o projecto poderá incluir, na casa, a venda de peixe retirado do mar pelas campanhas de artes de pesca do cerco ainda em actividade – são cinco na Figueira da Foz – e outras actividades como “aprender a fazer ou reparar redes”, acrescentou Ana Carvalho.
Já o presidente da Câmara, Carlos Monteiro, notou que a licença mais antiga das artes de pesca (também apelidada de arte xávega) “é do concelho da Figueira da Foz” e, referindo-se a preocupações ambientais sobre esta pesca de cerco, admitiu que é uma pesca de arrasto, “mas o que uma embarcação destas arrasta, relativamente a um arrastão, é ínfimo”, precisou.
“E quando 30 por cento do peixe [que vem nas redes] é abaixo da medida, nessa maré não podem voltar a lançar as redes, é uma salvaguarda ambiental”, sublinhou o presidente da autarquia, Carlos Monteiro.