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Presidente da República em isolamento voluntário devido ao coronavírus

8 de Março 2020

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, suspendeu a agenda por duas semanas e vai permanecer em casa sob monitorização, “apesar de não apresentar nenhum sintoma” de infecção por Covid-19, anunciou, hoje, a Presidência da República.

A decisão foi tomada depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter estado na terça-feira (03), no Palácio de Belém, com uma turma de uma escola de Felgueiras (Porto), que foi encerrada “na noite passada” devido ao internamento de um aluno, adianta a Presidência, numa nota publicada no website oficial.

“Atendendo ao que se sabe hoje e não se sabia na terça-feira passada, tendo ouvido as autoridades de saúde, o Presidente da República, apesar de não apresentar qualquer sintoma virótico, decidiu cancelar toda a sua actividade pública, que compreendia várias presenças com número elevado de portugueses, assim como a própria ida a Belém, durante as próximas duas semanas. O mesmo fará com deslocações previstas ao estrangeiro”, lê-se na nota de Belém.

Durante esse período, Marcelo Rebelo de Sousa “será monitorizado em casa”.

Segundo a nota da Presidência, “nem o aluno ora internado, nem a sua turma estiveram em Belém”, contudo, na terça-feira, uma turma dessa escola de Felgueiras tinha estado em Belém, no âmbito da iniciativa “Artistas no Palácio de Belém”, “numa sessão a que assistiu o Presidente da República, tendo, no final, tirado fotografias com os alunos e professores, sem, no entanto, os ter cumprimentado um a um”.

A Presidência da República diz, ainda, que estão já em curso contactos “com todos os que estiveram presentes na sessão de terça-feira”, tendo sido suspensa a iniciativa “Artistas no Palácio de Belém”, que deveria durar até ao fim do ano lectivo.

“No momento em que todos os portugueses demonstram elevada maturidade cívica perante o surto virótico, entende o Presidente da República que deve dar exemplo reforçado de prevenção, sem embargo de continuar a trabalhar na sua residência particular”, lê-se ainda na nota da Presidência.

Ao início da tarde de hoje, estava previsto, em agenda não oficial, que o Presidente da República participasse na procissão do Senhor dos Passos, em Lisboa, mas o chefe de Estado acabou por não comparecer.

Ainda ontem (07), o Presidente da República tinha referido que decidiu reduzir “uma parte da agenda” a nível nacional por causa do surto de Covid-19, para evitar ajuntamentos de pessoas em recintos fechados, mas estimou manter as viagens previstas.

Quanto às viagens internacionais, entre as quais uma a Espanha no final do mês para participar no encontro da COTEC Europa, em Málaga, o chefe de Estado disse que estaria “dependente de outros Estados”, que tinham manifestado intenção de manter os programas previstos.

Em Portugal, são já 30 os casos de infecção e o Governo anunciou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte.

Foram, também, encerrados temporariamente alguns estabelecimentos de ensino secundário e universitário.

A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que o risco da epidemia em Portugal poderá ser reavaliado nas próximas horas, e levar à adopção de novas medidas excepcionais.