Da suspeição passou-se aos factos e Portugal entrou esta semana na lista dos países com o novo coronavírus (Covid-19) surgido na China e que já se alastrou a 85 nações de todos os continentes.
Alguns, em vez de ficarem preocupados, terão respirado profundamente, já que eram muitos (infelizmente) os órgãos de comunicação social que apregoavam casos suspeitos e pareciam desejar o aparecimento efectivo do Covid-19.
Não era preciso tanto empenho, porque adivinhava-se que mais dia menos dia iriam surgir pessoas infectadas que apresentem sinais e sintomas de infecção respiratória aguda, como febre, tosse e dificuldade respiratória. Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e, eventual, a morte.
A epidemia do novo coronavírus, que provoca a doença designada por Covid-19, já ultrapassou as 97 000 pessoas infectadas, das quais morreram mais de 3 300, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
O coronavírus conseguiu abafar a gripe “comum”, que constitui um importante risco de saúde pública em Portugal. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, na época 2018-2019, e com uma actividade de “intensidade moderada”, a gripe causou 3 331 óbitos, representando um excesso de mortalidade de cerca de 2 800 pessoas. Isto só no nosso país.
Acresceu, ainda, no mesmo período, uma média diária de 16 mortes e 80 internamentos por pneumonia, que pode surgir no decurso de gripe. Em traços gerais, é este o estado de situação do país antes de qualquer “estado de sítio” causado pelo Covid-19.
“Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, como se diz, e por isso são excelentes as medidas preventivas. Elaborar cenários, como um milhão de portugueses que podem ser infectados, está entre o grau de incerteza que se tem e significa que a gripe A (2009) foi bem pior.
O que realmente se vai ver é se o Serviço Nacional de Saúde (e houve tempo) está preparado para o Codiv-19. Se a situação descambar, os políticos dirão que nenhum país está preparado para as dificuldades de uma epidemia…