Três projectos de investigação liderados pela Universidade de Coimbra (UC) conquistaram financiamento de 900 000 euros para estudar a região do Vale do Côa, confirmou, hoje (03), a Instituição.
Da arte da pré-história às alterações climáticas durante o período glaciar, passando pelas práticas com plantas medicinais, os projectos ‘LandCraft’, ‘CôaMedPlants’ e ‘Climate@Coa’ foram aprovados para receber financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) no âmbito do Programa Internacional de Investigação sobre o Vale do Côa.
Este programa tem como objectivo promover “actividades de investigação e desenvolvimento de âmbito interdisciplinar e pluridisciplinar” naquela região, classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, refere, ainda, a UC.
O projecto ‘LandCraft’, liderado por Lara Bacelar Alves, investigadora do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP) da Faculdade de Letras da UC, “vai estudar os contextos socioculturais da arte da Pré-História Recente no Vale do Côa”, explica a Universidade.
A investigação “será desenvolvida por uma equipa internacional e multidisciplinar” com competências diversas, entre as quais a Arqueologia, Conservação e Restauro e novas tecnologias de registo tridimensional.
“Este projecto irá contribuir para consolidar o conhecimento do património do Vale do Côa, focando-se numa realidade posterior ao bem conhecido ciclo Paleolítico. O intuito é precisamente investigar a arte e os modos de vida das primeiras comunidades de agricultores e pastores”, refere Lara Bacelar Alves num comunicado enviado pela UC.
Quanto ao ‘CôaMedPlants’, liderado por Célia Cabral, investigadora do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR), da Faculdade de Medicina da UC, este visa a preservação e valorização do património cultural relacionado com as práticas com plantas medicinais do Vale do Côa e a validação científica das propriedades destas mesmas plantas.
Mais concretamente, o trabalho pretende perceber o potencial impacto “na doença do fígado gordo não-alcoólico, que está associada a alimentação e estilos de vida não saudáveis e que pode culminar em cirrose e cancro do fígado”.
“Este projecto associa a medicina tradicional às necessidades da medicina contemporânea, abrindo caminhos para estratégias inovadoras de investigação”, explica a investigadora do iCBR.
Por último, o projecto ‘Climate@Coa’, liderado por Luca Dimuccio, investigador do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Faculdade de Letras da UC, vai estudar a evolução climática e a adaptação humana durante o último período glaciar naquela região do Norte do distrito da Guarda.
Tem como objectivos “desenvolver um modelo evolutivo deste território e deduzir os factores ambientais condicionantes para essa evolução”, refere o mesmo comunicado da UC.