O movimento Somos Coimbra detectou “fragilidades da linha do Hospital” do futuro sistema de transportes MetroBus, alertando que estas “colocam em causa” a viabilidade do projecto.
“O Pólo I da Universidade não é servido, com o traçado proposto a ficar mais longe [na Praça da República] do que o projecto anterior que, apesar de usar carris, passava pela Praça do Papa João Paulo II”, junto aos Arcos do Jardim, critica o movimento liderado pelo ex-bastonário da Ordem dos Médicos José Manuel Silva.
A discussão pública sobre a avaliação ambiental do futuro troço urbano do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), a chamada linha do Hospital, “permitiu ter acesso a muitos elementos que, quando foi aprovado o projecto na Câmara Municipal, não estavam disponíveis”, afirma o movimento.
Nas autárquicas de 2017, o Somos Coimbra elegeu dois vereadores, José Manuel Silva e Ana Bastos, para o executivo municipal liderado pelo socialista Manuel Machado.
No âmbito da referida discussão pública, o movimento “submeteu os seus comentários ao projecto, assinados pela vereadora Ana Bastos”, especialista em Transportes e Vias de Comunicação pela Ordem dos Engenheiros.
“Paradoxalmente, a substituição do modo ferroviário pelo rodoviário” – com autocarros eléctricos do tipo MetroBus, em vez do metro ligeiro de superfície, projectado durante 25 anos para o Ramal da Lousã e a cidade de Coimbra – “apesar de ser mais flexível, traduz-se aqui numa redução da cobertura geográfica em relação à solução anteriormente prevista, quando se esperava que, pelo contrário, fosse estendido até à Praça D. Dinis”, a Alta universitária, na opinião de Ana Bastos.
A falta de resolução deste problema, “que fará perder ao sistema inúmeros utilizadores, justifica, só por si, a não aprovação desta solução”, defende.
Por outro lado, segundo a vereadora, “não é visível qualquer preocupação relativa à integração funcional e intermodalidade, seja nos pontos nevrálgicos de ligação à rede dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) e outros operadores, seja à rede pedonal e a outros modos alternativos”.
Ana Bastos afirma, também, que “os relatórios não abordam os impactes resultantes da redistribuição do tráfego associados à eliminação de alguns sentidos de trânsito em eixos entretanto ocupados” pelo canal do MetroBus.
“O Largo da Cruz de Celas vai ficar sujeito a congestionamentos superiores aos actuais, pois a sua reserva de capacidade é significativamente reduzida, sem que seja apontada qualquer solução para contrapor a esse efeito. O estudo muito sucinto que é apresentado aponta precisamente nesse sentido”, refere.
O projecto do metro ligeiro, abandonado nos últimos anos, depois de obras no ramal ferroviário, entre Coimbra e Lousã, que nunca foram concluídas, “previa a construção de um túnel” naquela zona da cidade, o qual, “por razões meramente económicas, agora é eliminado sem alternativas nem explicações”, adianta, entre outros reparos à prevista linha do Hospital do SMM.
“Só um sistema de MetroBus eficiente, confortável e fiável, devidamente complementado pela rede dos SMTUC, se revelará capaz de alterar padrões de deslocação em Coimbra e de contribuir para a redução dos impactes ambientais no sector dos transportes”, defende o Somos Coimbra.
Tratando-se do primeiro sistema de MetroBus em Portugal, “Coimbra não pode desperdiçar a oportunidade de o projecto ser um êxito e de servir de modelo a ser replicado por outras cidades nacionais e europeias”, não podendo “ser gerido por princípios minimalistas e de minimização de custos”.