A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) aprovou, hoje, o reconhecimento da Associação Real República Ay-Ó-Linda como entidade de interesse histórico e cultural ou social local.
A decisão, aprovada por unanimidade, será submetida a um período de consulta pública, de 20 dias, para que, por fim, seja elaborado o relatório final e aprovado o reconhecimento.
Recorde-se que, até ao momento, já foram reconhecidas 11 “repúblicas” de estudantes e estão em análise técnica ou a aguardar a entrega de documentos outras seis, bem como cinco lojas históricas.
A Associação Real República Ay-Ó-Linda nasceu em 1951, apesar de já existir, com o nome República Mija-Gato, desde 1949. Foi a geração conhecida por “Os Fundadores” que foi responsável pela sua instalação no local onde permanece nos dias de hoje, em frente aos Arcos do Jardim, no número 33. Os interessados apresentaram vários documentos que comprovaram a existência da República Ay-Ó-Linda há mais de 25 anos, pelo que foi validado o parâmetro da longevidade.
A importância da Real República Ay-Ó-Linda para a histórica local também foi devidamente comprovada. Esta república integra um conjunto de residências de natureza académica destinada ao alojamento da comunidade estudantil, reconhecida pela Reitoria da Universidade de Coimbra, em 1982, e é prática a sua inclusão em artigos relacionados com a academia. A sua existência possibilitou, e possibilita, que muitos estudantes, economicamente carenciados, consigam permanecer na cidade e concluir os seus estudos. A Real República Ay-Ó-Linda foi ainda reconhecida como associação juvenil, pelo Instituto da Juventude de Coimbra, em 1989.
Sabe-se também que a Real República Ay-Ó-Linda participou activamente no movimento estudantil de resistência à ditadura, sendo que alguns membros chegaram a ser coagidos, castigados e obrigados a interromper os estudos para prestar serviço militar.
Muitas das individualidades que passaram pela “república” integraram, na época, cargos dirigentes de entidades como a Associação Académica de Coimbra e, na actualidade, muitos desempenham profissões de relevo e notoriedade no panorama nacional.
A Real República Ay-Ó-Linda foi, ainda, alvo de um documentário televisivo, integrou as filmagens do filme “Rasganço” e foi referenciada, por meio fotográfico, num livro sobre Repúblicas de Estudantes.
A Real República Ay-Ó-Linda mantém a sua função histórica, cultural e social, realizando anualmente as comemorações dos seus aniversários – denominados de ‘centenários’ pelo facto de um ano numa república equivaler a cem anos mundanos – com programas que englobam, entre outras actividades, jantares convívio e a realização de congressos. Organizam ainda, a cada dez anos, os ‘milenários’, celebrações que englobam diversas actividades de cariz cultural e desportivo.
Recorde-se que a Câmara de Coimbra aprovou, na reunião de 05 de Março de 2019, uma ficha de candidatura para a instrução de processos de reconhecimento e protecção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local, de forma a auxiliar os estabelecimentos ou entidades que pretendessem ver efectivado esse reconhecimento.
O objectivo passa por simplificar o procedimento, para que os estabelecimentos que se enquadrem nas categorias previstas na lei, entre eles as “repúblicas” de estudantes de Coimbra e as lojas com história, possam desencadear, com maior celeridade e simplicidade, o seu processo de pedido de reconhecimento como entidade de interesse histórico e cultural ou social local.