Na sua monografia de Soure, de 1942, Santos Assunção, conta-nos a lenda do Campo da Velha, provavelmente, a mais emblemática da vila.
O Campo de Soure, também conhecido outrora pelas designações de Campo da Velha, do Mondego, dos Escudeiros e dos Lavradores, foi, desde tempos imemoriais um terreno pertença da vila sede do concelho.
Diz a tradição que fora doado à Câmara por uma senhora de idade avançada, do qual assumiu o nome de Campo da Velha, pelo qual passou a ser conhecido. Um dia, passando por aquelas terras o rei, a velha – que nessa altura era uma bela moçoila – deu-lhe alojamento bem como à comitiva real.
Em retribuição pelo bom acolhimento, o monarca perguntou-lhe o que poderia oferecer, ao que a moça, sem hesitar, respondeu, com um sorriso nos lábios, que lhe desse um terreno que ela pudesse apanhar… com um coiro de boi.
O rei achou o pedido extravagante, mas acedeu imediatamente. A rapariga, maliciosa, foi ao coiro e cortou-o em tiras tão finas como fios, e tantas que circundaram o terreno representado por umas centenas de hectares – um dos maiores de toda a região!
Terreno este que a rapariga, então já velhinha, veio a oferecer à Câmara Municipal mantendo-se como propriedade municipal até aos nossos dias.
(*) Historiador e investigador