O professor catedrático aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLU), Sebastião Tavares de Pinho, de 83 anos, foi a vítima do atropelamento mortal, na semana passada, por um comboio perto da estação de Coimbra-B.
Tavares de Pinho foi atropelado depois de sair do comboio ainda antes de chegar à estação. Vinha de Lisboa, de uma sessão de homenagem ao professor José V. de Pina Martins, na Academia das Ciências, onde tinha sido interveniente.
Do acidente que o vitimou mortalmente resultou, ainda, uma senhora ferida.
Sebastião Tavares de Pinho licenciou-se em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa em 1972 e doutorou-se em Literatura Latina do Renascimento em 1983. Foi, também, professor convidado na Universidade da Madeira e na Universidade Católica Portuguesa (polo de Viseu).
Ao longo dos anos exerceu várias funções na Universidade de Coimbra, entre as quais as de vice-reitor. Aposentou-se em 2006, para se dedicar inteiramente à investigação, sendo colaborador no Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, do qual havia sido coordenador científico.
Era membro de várias academias e associações nacionais e estrangeiras: da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Brasileira de Filologia, da Academia Portuguesa de História, da Associação Internacional de Lusitanistas e co-fundador e director da sua revista Veredas, da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais, da Academia Internacional Anchietana de São Paulo, de que foi sócio fundador.
Foi, ainda, fundador da Associação Portuguesa de Estudos Neolatinos (APENEL) e presidente da sua Direcção desde o primeiro instante da sua fundação até à sua morte.
Deixou uma vasta herança pedagógica, porque cativou e encantou gerações de estudantes, que ainda hoje recordam as suas aulas, o seu saber e a elegância da arte com que o transmitia. A obra científica é vastíssima e reparte-se por dezenas de livros e centenas de artigos, desde trabalhos sobre autores clássicos, onde pontificava sobretudo Cícero, a obras de autores latinos renascentistas.
Dizia-se que era “um homem generoso e afável, recto, íntegro e justo, que deixa profundas saudades aos seus discípulos, colegas e amigos”.
As cerimónias fúnebres decorreram em Sever do Vouga, de onde era natural, e a missa de sétimo dia decorrerá, hoje, pelas 18h00, na Capela da Universidade de Coimbra.