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ISEC reivindica apoios para promover a comunicação da ciência

21 de Janeiro 2020

No âmbito da conferência “Comunicar Ciência”, que teve lugar hoje, no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Mário Velindro, presidente da instituição, defendeu a existência de condições e apoios para a comunicação da ciência que se faz em Portugal.

Na conferência, que trouxe até Coimbra a astrobióloga Zita Martins, Mário Velindro recordou que o antigo ministro da Ciência, Mariano Gago, defendia a comunicação em ciência, “porque não tinha sentido fazer-se coisas muito boas e depois ninguém saber”.

“Foi criado o programa Ciência Viva, mas tem-se verificado que não é suficiente para que a ciência seja comunicada de uma forma célere, mais directa e estruturada”, disse o responsável à agência Lusa, salientando que, a nível internacional, os projectos que têm um plano de comunicação “são normalmente mais cotados”.

Segundo Mário Velindro, a conferência de hoje, “Comunicar Ciência”, visava produzir um documento de trabalho para enviar ao ministro Manuel Heitor, reivindicando condições para a existência de jornalismo científico em Portugal, através da criação de gabinetes de comunicação de ciências nas escolas de todas as universidades e politécnicos do país.

“O Governo, articulado com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem de criar condições para que todas as escolas de ensino superior possam comunicar de uma forma estruturada a ciência que produzem: sem isso, não será possível haver em Portugal jornalismo científico nem um público alargado a quem essa informação chegue”, sublinhou.

Para dar o exemplo, o ISEC vai criar o seu próprio Gabinete de Comunicação de Ciência, com actividade regular, e reivindicar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior uma linha de financiamento específica para que todas as instituições do ensino superior o possam fazer.

Mário Velindro considera que “é importante a implementação de práticas de comunicação de ciência para estabelecer pontes de conhecimento entre os cientistas e engenheiros e os cidadãos, pelo que é fundamental muscular a comunicação para a ciência”.

Na conferência “Comunicar Ciência” foram debatidos os aspectos identificadores da comunicação de ciência e tecnologia em Portugal, com a participação de Zita Martins, docente no Instituto Superior Técnico e codiretora do Programa MIT-Portugal; da professora de comunicação de ciência Joana Lobo Antunes, presidente da rede SciCom PT e actualmente directora de Comunicação no IST; e do jornalista de ciência António Granado, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Recorde-se que, neste âmbito de comunicação em ciência, em Julho de 2019, a Universidade de Coimbra (UC) apresentou um novo projecto a nível mundial – TRIPLE, sendo uma das instituições que o lidera, cujo principal objectivo é “o desenvolvimento e implementação de uma plataforma digital única, multidisciplinar e multilinguística para a partilha de resultados de publicações científicas”, explicou, na altura, a UC. Adiantou, ainda, que o projecto, também integrado no consórcio OPERAS teria início no mês de Outubro (de 2019) e duração de três anos e meio, focando-se na área das humanidades e ciências sociais.

A iniciativa da Imprensa da UC, que trabalha a plataforma “UC Digitalis”, recebeu um total de 5,6 milhões de euros para “libertar conhecimento científico aos cidadãos”.