No âmbito da conferência “Comunicar Ciência”, que teve lugar hoje, no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Mário Velindro, presidente da instituição, defendeu a existência de condições e apoios para a comunicação da ciência que se faz em Portugal.
Na conferência, que trouxe até Coimbra a astrobióloga Zita Martins, Mário Velindro recordou que o antigo ministro da Ciência, Mariano Gago, defendia a comunicação em ciência, “porque não tinha sentido fazer-se coisas muito boas e depois ninguém saber”.
“Foi criado o programa Ciência Viva, mas tem-se verificado que não é suficiente para que a ciência seja comunicada de uma forma célere, mais directa e estruturada”, disse o responsável à agência Lusa, salientando que, a nível internacional, os projectos que têm um plano de comunicação “são normalmente mais cotados”.
Segundo Mário Velindro, a conferência de hoje, “Comunicar Ciência”, visava produzir um documento de trabalho para enviar ao ministro Manuel Heitor, reivindicando condições para a existência de jornalismo científico em Portugal, através da criação de gabinetes de comunicação de ciências nas escolas de todas as universidades e politécnicos do país.
“O Governo, articulado com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem de criar condições para que todas as escolas de ensino superior possam comunicar de uma forma estruturada a ciência que produzem: sem isso, não será possível haver em Portugal jornalismo científico nem um público alargado a quem essa informação chegue”, sublinhou.
Para dar o exemplo, o ISEC vai criar o seu próprio Gabinete de Comunicação de Ciência, com actividade regular, e reivindicar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior uma linha de financiamento específica para que todas as instituições do ensino superior o possam fazer.
Mário Velindro considera que “é importante a implementação de práticas de comunicação de ciência para estabelecer pontes de conhecimento entre os cientistas e engenheiros e os cidadãos, pelo que é fundamental muscular a comunicação para a ciência”.
Na conferência “Comunicar Ciência” foram debatidos os aspectos identificadores da comunicação de ciência e tecnologia em Portugal, com a participação de Zita Martins, docente no Instituto Superior Técnico e codiretora do Programa MIT-Portugal; da professora de comunicação de ciência Joana Lobo Antunes, presidente da rede SciCom PT e actualmente directora de Comunicação no IST; e do jornalista de ciência António Granado, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Recorde-se que, neste âmbito de comunicação em ciência, em Julho de 2019, a Universidade de Coimbra (UC) apresentou um novo projecto a nível mundial – TRIPLE, sendo uma das instituições que o lidera, cujo principal objectivo é “o desenvolvimento e implementação de uma plataforma digital única, multidisciplinar e multilinguística para a partilha de resultados de publicações científicas”, explicou, na altura, a UC. Adiantou, ainda, que o projecto, também integrado no consórcio OPERAS teria início no mês de Outubro (de 2019) e duração de três anos e meio, focando-se na área das humanidades e ciências sociais.
A iniciativa da Imprensa da UC, que trabalha a plataforma “UC Digitalis”, recebeu um total de 5,6 milhões de euros para “libertar conhecimento científico aos cidadãos”.