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Ordem dos Enfermeiros considera impasse no Compaixão “surreal”

20 de Janeiro 2020 Jornal Campeão: Ordem dos Enfermeiros considera impasse no Compaixão “surreal”

Valter Amorim, presidente do Conselho Jurisdicional; Pedro Lopes, presidente do Conselho de Enfermagem; Jaime Ramos, presidente da Fundação ADFP; e Ricardo Matos, presidente da Ordem dos Enfermeiros do Centro

 

Numa visita ao Hospital Compaixão, da Fundação ADFP, em Miranda do Corvo, a Direcção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros afirmou tratar-se de uma situação “ilógica” e “surreal”.

Confrontada com o impasse na assinatura do acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Fundação ADFP, a comitiva da Ordem dos Enfermeiros afirmou ser “incompreensível” a situação quando o acesso à saúde é “um direito básico e constitucional”.

Os enfermeiros conheceram as instalações e todo o equipamento ali já instalado, considerando, por isso, que aquela “é uma resposta totalmente adequada àquilo que são as necessidade desta população”.

Ricardo Matos, presidente do Conselho Directivo, afirmou que “é necessário priorizar as necessidades das pessoas e salvaguardar aquilo que é a qualidade de vida da população”, sendo “urgente o acordo de cooperação com o SNS para esta resposta que se encontra totalmente equipada, com os equipamentos de diagnóstico e com material hoteleiro, tudo pronto a funcionar”.

A abertura implica, ainda, uma maior empregabilidade no sector, criando postos de trabalho, mas sobretudo com uma melhor qualidade de vida das populações.

O Hospital proporciona “aquilo que são as urgências básicas e que não existem nesta região, o que obriga as pessoas a deslocar-se dezenas de quilómetros para ter acesso a cuidados que não exigem um serviço altamente diferenciado”.

Para Ricardo Matos, a abertura do Hospital não acarreta novos custos para o SNS, mas antes poupança, porque “só é necessário reorientar verbas que já estão a ser gastas noutras respostas privadas do sector lucrativo, nomeadamente exames auxiliares de diagnóstico e cirurgias”.

Para o responsável da Ordem dos Enfermeiros, o valor de internamento numa cama de convalescença será muito mais barato do que manter os doentes no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) com alta médica, a aguardar resposta na comunidade.

O Hospital, totalmente equipado e pronto a funcionar, abrange uma população potencial de 150 000 utentes dos vales dos rios Ceira e Dueça e concelhos vizinhos de Miranda do Corvo, no Pinhal Interior, e “torna urgente a criação de um ‘lobby’ forte para sensibilizar o Ministério e a Administração Regional de Saúde do Centro para a necessidade do acordo”.

A entrada em funcionamento da unidade de saúde permitirá “descongestionar consideravelmente o CHUC”, realçam os enfermeiros.

Já em relação às condições da unidade, a Comitiva mostrou-se agradavelmente surpreendida com a “resposta de muita qualidade adequada àquilo que são normas de funcionamento das unidades de saúde”, destacando as condições de separação de resíduos nas várias valências do hospital, com circuitos que não existem em hospitais públicos e mesmo privados.

O Hospital Compaixão, em Miranda do Corvo, dispõe de quatro valências da Imagiologia Clínica (TAC, Radiologia, Mamografia e Ecografia), análises clínicas, dois blocos operatórios, área de urgência, sector de consultas de ambulatório com especialidades médicas e de internamento. No internamento está previsto criar uma unidade de cuidados continuados de convalescença e de paliativos.

Jaime Ramos, presidente do Conselho de Administração da Fundação ADFP, reclama urgência na resolução do impasse e afirma que a instituição à qual preside, e que é responsável pelo investimento na sua totalidade, não se move por “qualquer interesse lucrativo privado” e visa “unicamente a defesa da utilidade pública”.

A Fundação ADFP reivindica acordos de cooperação para que o SNS comparticipe nos exames complementares de diagnóstico, no atendimento permanente de urgência com horário alargado para complementar as respostas dadas pelos centros de saúde da região, consultas de especialidade médicas, com “consultas na hora” de modo a poupar o tempo de deslocação e os custos unitários, tratamentos cirúrgicos, internamento de medicina e cuidados continuados de convalescença e paliativos.