O livro “Uma Luz no Mar”, que reúne contos inéditos de Albano da Rocha Pato, vai ser apresentado, amanhã (21), pelas 18h30, na Livraria Almedina, do Estádio Cidade de Coimbra.
A descoberta foi surpreendente até para o médico Rui Pato, filho de Rocha Pato, que na casa dos pais, descobriu um espólio invejável de uma carreira longa e de grande significado do falecido jornalista conimbricense.
Entre muitas relíquias, Rui Pato encontrou vários textos do pai, alguns manuscritos, outros dactilografados, maioritariamente contos de Natal que veio, mais tarde, a saber pela mãe terem sido concebidos para serem lidos radiofonicamente. Uma situação que chegou a acontecer, como recorda Rui Pato.
A vontade do médico era de os editar e perpetuar a memória de Rocha Pato. A Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (da qual o antigo jornalista era o sócio n.º 102) juntou-se a esse desejo e decidiu editar um livro, com um total de sete contos de Rocha Pato, escritos entre os anos 50 e os anos 60.
“Esta é uma forma de materializar a memória do meu pai, embora não tenha a certeza se ele gostaria de os publicar”, refere o médico, adiantando que ainda que seja “uma obra simples e modesta”, é também muito interessante e uma forma de “imortalizar a sua memória para família e amigos, para que fiquem para sempre com algo dele”.
Após descobrir os textos, “a sua publicação era o objectivo principal, até pela minha mãe, que já viu o livro e ficou bastante orgulhosa”, assumiu Rui Pato.
Rocha Pato, descrito pelo filho com carinho, foi jornalista em Coimbra durante mais de 40 anos, quer no “1.º de Janeiro”, como no “Diário Popular”. “Era uma figura importante do jornalismo na cidade, um homem das letras, da cultura e da oposição ao regime”, afirma o filho orgulhoso, adiantando que, do círculo de amigos mais próximos de Rocha Pato faziam parte nomes como Miguel Torga, Zeca Afonso ou Paulo Quintela.
A obra apresenta, então, esta faceta desconhecida do jornalista, textos de “um tempo em que a profissão ainda não exigia, como exige hoje, uma múltipla capacidade de resposta, nomeadamente no domínio de várias técnicas – escrever, fotografar, filmar, paginar…”, escreve Júlio Roldão no prefácio.
“Uma Luz no Mar” junta pequenas escritas durante a ditadura, marcadas pelo ambiente da Segunda Guerra e suas consequências: exílio, traições, morte. Para lá do conto que dá nome ao livro, são várias as histórias: “O meu amigo estrangeiro”; “O Natal para lá das montanhas”; “Hilário” (onde evoca a lendário fadista e respectiva boémia coimbrã); “Tempestade no mundo imaginário” e “Sinos”.
O livro foi lançado, primeiro, no Porto, na semana passada, passando agora para Coimbra, onde a apresentação estará a cargo de Abílio Hernandez Cardoso.