Antónia Nunes da Costa, moradora em Nogueira do Cravo, freguesia de Oliveira do Hospital, era, no seu tempo, uma das mais famosas feiticeiras de toda a diocese. Viveu entre os finais do séc. XVII e princípios do XVIII e tinha como alcunha “ a preta”. Muitos a procuravam pois dizia-se que conhecia formas rápidas de aliviar certas dores: da cabeça, das costas, dos dentes, entre outras.
Uma fama confirmada pela quantidade de vezes em que foi denunciada nas visitas pastorais da Diocese de Seia, designadamente, nos anos de 1694, 1698, 1699, 1707 e 1712, bem como pelos dois processos de que foi alvo no Santo Ofício, pelos quais foi sentenciada em 1711, com a pena de prisão e degredo por três anos para o Brasil.
Para curar dores de cabeça, a “preta”, confessaria que «aplicava bofes de carneiro quentes abertos nas fontes da cabessa e que lanssava nos ouvidos leite do peito das mulheres e huns pauzinhos de artemije”, acrescentando que “com estes remedios se achavam bem os doentes».
Por outro lado, para curar dores de dentes «aplicava borralha cozida em vinho posta sobre a queixada da parte doente».
Como se constata, a base do processo de cura passava pela aplicação de produtos de natureza animal, que supostamente teriam poderes curativos.
(*) Historiador e investigador