O PCP, representado na autarquia por CDU, muda o sentido de voto contra para a abstenção no sentido de viabilizar o Orçamento e as Grandes Opções do Plano da Câmara de Coimbra para 2020 a apresentar à Assembleia Municipal.
A mudança do sentido de voto foi explicada, hoje, pelo vereador Francisco Queirós, com o facto de o presidente da Câmara, o socialista Manuel Machado, na sequência de negociações entre as duas forças políticas, ter assumido “diversos compromissos relativos a matérias fundamentais reclamadas pela CDU”.
Entre essas matérias, Francisco Queirós destacou, por exemplo, a “recuperação de desvios na execução de obras nas freguesias”, a alteração do modelo de refeições escolares, a promoção da habitação com requalificação de bairros municipais e a criação do Conselho Municipal de Cultura.
“Ainda que estas continuem a não ser as GOP que a CDU preconizaria”, as propostas apresentadas pelo presidente da Câmara “correspondem a um esforço real de aproximação, com vista à concretização de necessidades identificadas”, reconheceu Francisco Queirós, explicando as razões pelas quais “a CDU não inviabiliza esta melhorada proposta de Orçamento e GOP para 2020”.
Para além daquelas medidas, o presidente do Município comprometeu-se, durante a sua exposição sobre o documento, designadamente a iniciar os trabalhos no primeiro trimestre para a elaboração de um plano de mobilidade urbana sustentável e, continuar, por outro lado, “a aposta na modernização e reforço da frota dos SMTUC [Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra] e na expansão do serviço público de transporte colectivo de passageiros a todo o concelho”.
Hoje, o a Edilidade aprovou o Orçamento e as GOP com cinco votos a favor (PS), duas abstenções (Francisco Queirós, da CDU, e vereadora Paula Pêgo, do PSD) e quatro contra (dois vereadores do PSD e dois do Somos Coimbra).
“Em coerência e como em primeiro está o Município de Coimbra, o meu sentido de voto é a abstenção”, declarou Paula Pêgo, aplaudindo os compromissos assumidos por Manuel Machado e a pela bancada socialista, como os respeitantes à implementação de “um novo modelo de refeições escolares saudáveis e sustentáveis” e de um plano de mobilidade urbana sustentável, com a criação de incentivos para a não emissão de CO2”.
Para o PSD, que voltou a votar contra as GOP e o Orçamento para 2020, este documento continua a ser dominado por “uma ausência de estratégia visando o crescimento e desenvolvimento do concelho”, sustentou a vereadora Madalena Abreu.
A falta de “gestão democrática” na Câmara de Coimbra, onde se “chefia à século XX”, onde não se “geram consensos”, nem apresentam soluções, é uma das razões apontadas pela vereadora para explicar o chumbo do documento, que considerou uma “oportunidade perdida” para o Município.
”Sem negar alguns aspectos positivos previstos nas GOP agora apresentadas”, o Somos Coimbra “não pode deixar de votar contra”, pois “a sua filosofia, princípios e estratégia de gestão da Câmara, de desenvolvimento profissional dos seus trabalhadores, de ambição para o futuro da cidade e do concelho e de melhoria da qualidade de vida das pessoas são substantivamente distintos”, afirmam na sua declaração de voto os dois vereadores deste movimento.
O SC reforça que o PS de Coimbra se “recusou sempre estabelecer qualquer ponte de diálogo com os vereadores” deste movimento, sustentando que “o diálogo só é possível se quem detém o poder nele estiver interessado e o cultivar”.
As GOP e Orçamento da Câmara para 2020, que o PS considera “o maior e o melhor [documento] que alguma vez Coimbra teve”, ascende a cerca de 150,8 milhões de euros, para além dos orçamentos dos SMTUC (que ronda 27,5 milhões de euros) e da empresa Águas de Coimbra.
O documento vai ser submetido à apreciação da Assembleia Municipal, na próxima reunião, agendada para segunda-feira.